Nada. A espera durou mais um dia. O telefone não tocou, a campainha,
não soou.
Flores? Quem sabe não entregara à outra. Endereço errado,
carta sem destinatário.
Riu melancólica ao penar que até então esta sensação
era desconhecida.
O tempo não dá tempo, no espelho verificou a idade, como se fosse
preciso.
Ao menos o dia estava feliz. Á luz do sol tocou seu rosto com a ambivalência
da suavidade agregada à agonia.
Ela sempre tão equilibrada, sofria por falta. Não sabia onde tinha
estacionado, nem quanto tempo se passou desde que iniciou sua busca.
Hábitos permaneciam. Roçou seus cabelos, mechas em cachos e aguardou.
Ele caminhou pelos seus pensamentos. Enroscando sua barba sem fazer pelos fios
da vasta cabeleira negra. E assim permanecia. Brincando, cheirando...No início
ela se irritava. Aquele ser criança não era o seu pedido de homem.
Encomenda recomendada à lua cheia.
Ele que inventava canções e contava estrelas. Ele capaz de numa
noite sem brilho, criar uma luz no céu. e de presente ela ganhava uma
estrela fictícia. Um presente do seu dono do céu.
Ele, peregrino do seu corpo, andarilho observador, aos poucos. E o mundo a pertencia
quando ele se detinha na sua íris, dedos, sorrisos.
Dizia ser Jasmim seu cheiro, seu nome: desejo.
E assim ela foi lhe doando. Boca, olhares, laços de abraços. Naquela
noite de lua cheia, ela se chamou espera.
Olhos cerrados, quem sabe ele a surpreendesse?
Nua à luz da lua, coberta pelos seus fios negros.
Já era hora passada...
E assim adormeceu. Sonho terno.
Na noite de lua inteira, dois corpos seguiam iluminados.