Não. Vejo nada; absurdo, como o Surdo. não se rebela contra o 
  mudo, mundo, que o rodeia. Como um prisioneiro e a cadeia, a agulha perfura 
  a veia, pode ser a cura; ou a morte de brincadeira.
  Menino. Problema congênito. Não eram orelhas pequenas, ou pés 
  tortos, nem problemas fartos de coração; era audição. 
  Se você nunca ouve "eu te amo" você sabe o que é 
  amor? Fica no que seja; seja lá o que for?
  Vivia. Num quarto pequeno. O pequeno quarto era ¼ de tudo que sabia. 
  Ele sabia que o sábia sabia assobia, que a aranha subiu pela parede, 
  que samba lelê está doente (desse se preocupava, quem cuidava?). 
  Descobrira ainda pouco que o cravo feriu a rosa; que pena que o casal não 
  deu certo; amor é coisa difícil.
  Mamãe. - Parou de chorar, mas não quer comer. Papai. - Se empanturrou 
  com tanto choro. Enfermeira. - Melhor aplicar o soro. Rex. - Au! Au! Au! Au! 
  Au! Au! Fagner. - Quem dera eu ser um peixe, para em seu límpido aquário 
  mergulhar, fazer borbulhas de amor pra te encantar. Casa. - Tic, plic, plop, 
  vop, sop, brig, lip, vrrr, xua.
  Som. Médico. - Ele só tem 30% de audição. Papai.
  - Pelo menos isso, 30% é o bastante num mundo com tanta coisa inútil 
  para se ouvir. Mamãe. - Ele vai conseguir ouvir Beatles?