A Garganta da Serpente
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

A casa de três jardins

(Victor Tales)

Casa. Viva casa. Tem pai, mãe, irmãos e tia. Quando me perguntam como é a minha casa, eu digo que ela é parte da família, pois ela está lá desde não sei quando; Flertando com a minha vida.

Primeiras janelas. Quem sabe rotas de fuga, até ver a distância que as separava do chão; Descobri que não eram tão seguras. De segundas coisas não me lembro, as primeiras tomam esse lugar de assalto, dessas; as janelas. Ainda cuido delas, pois são a primeira imagem que depois de mamãe é das mais importantes pessocoisa na minha vida.

Porto seguro. Brincadeiras de pião ainda rugiam gargalhadas, bolas ainda quebravam vidraças e a solidão chegava a ter graça. Havia um lugar que me metia medo, era um corredor que separava os quartos, pois ele separava tão bem os quartos das pessoas que amava de mim; Que achava que nunca mais iriam vê-las.

Portas de carvalho. Rústicas e pesadas. Como meu pai. Eu fiz delas parentes separados, pois como nunca tive meus avós, elas faziam esse papel. Quando nelas deitava a cabeça e chorava quando queria doce, as lambia, pois o gosto de madeira velha eram para mim feito doce de abóbora.

Inveja. Que inveja de papai. Sabia que ele mandava na minha casa, mas um dia eu seria grande; E enfim, ia fingir de rei no trono da sala; Onde família, se reunia e ria, mas minha mãe sempre calada.

Mamãe. Eu a admirava. Ela cuidava da minha casa, dava banho, carinho e atenção, colocava joias que eram verdes e com pontas cheias de cores. Ela amava minha casa e eu como amava minha mãe.

Quando. Pensamos em nos mudar, bati o pé, gritei, disse que não e chutei o chão. Abracei as tabuas velhas do chão, mas ali ficou a minha tristeza assinalada e muda, no chão da minha infância.

- Meu pai. Dois passos e foi embora, hora aquela que a comida estava quente na panela. Mamãe ainda que lembro bem mancava da perna. Cada cômodo da casa respirava e falava como se todos tivessem asa, ou não? O chão tinha dores nas costas, pois pisavam ele com suas botas, as portas tinham a boca partida ainda se ouvia suas dores e rangida. As janelas, que bobas elas, podiam fugir e ficavam lá, esperando o porvir. Fecho os olhos e vou dormir. Só sei disso, mas as chaves, são como aves. Um Sabião.

Casa. Só desejo em ferro bruto; areia fundida na terra. Ser celeste; quem sabe fruto.

menu
Lista dos 2201 contos em ordem alfabética por:
Prenome do autor:
Título do conto:

Últimos contos inseridos:
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente
http://www.gargantadaserpente.com.br