A Garganta da Serpente
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Có, có, cof

(Victor Tales)

Coma. - Coração de galinha? – Sim. No centro do prato. Uma garfada e o coração do prato é arrancado. – Hum, hum; eugostodecoraçãodegalinha. O fala, fala, era mais forte do que a música que tocava de fundo, Nelson Ned nunca foi tão pequeno. Arrasta, arrasta, cadeiras, cadeiras. Gordos, gorduras, ossos, secos, chupados. – Cof, cof. – Engasgou querido? – quase O, coraçãoparou, na goela. Tic, tac, lic, lac, de pratos e talheres. Limpa, bebe, engole. Canção. – Garçom!

O. Empurra, empurra, feito gado, como, sangue, numa, artéria EnGoRdUrAdA. Quarenta e um passageiros sentados. Fale ao motorista somente o indispensável. Proibido fumar. Família. Os filhos pequenos sentados juntos na mesma poltrona. No colo, quente e aconchegante, vai a marmita de resto do almoço. No fundo. Discussão. – Não quer dar lugar pr’a coitada da grávida! – Ela não tá grávida, é gorda mesmo. – Vai se fuder! Iiiih. – Baixaria viu. Para! A senhora cai, rola no chão. Acelera! Rola de novo. – Ta carregando porco porra!?

Mais. Todos descem. As crianças suadas, suadinhas de ficarem ali {siamesas} na cadeira. A mãe carrega sua marmita, com restos de coração. O pai. dor, Dor, DOr, DOR! – O braço, braço. Pontinhos brancos comem os olhos feitos minhoquinhas. A marmita no chão. O coração,,, pa..! Galinhas foram vingadas.

A.

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