A Garganta da Serpente
Cobra Cordel literatura de cordel
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Ecologia

(Alfred' Moraes)

São muitas as reações
Que emanam da natureza
Diante das impurezas
De poluentes mortais.
Como o buraco medonho
Na camada de ozônio
Provocada por um gás.

São milhões de metros cúbicos.
Jogadas na atmosfera
A nossa azulada esfera
Pode até mudar de cor.
Pra vermelho acinzentado
Se não for exterminado
O agente poluidor.
Fora os gases poluentes,
Outra praga nos assola
Fazendeiro deita e rola,
No colchão de capinzal.
Além da monocultura
Que arrasa a mata "in atura"
E plantam um só vegetal.

A conseqüência é o efeito
Estufa, sobre o planeta,
Raios ultravioletas.
Trazem recados fatais.
Riachos desaparecem
Os oceanos se aquecem
Viram piscinas termais.

A elevação do clima
Influencia as correntes
O mar cada vez mais quente
Derrete o gelo dos pólos
O manto líquido cresce
Deus Netuno se aborrece
E arremessa o mar no solo.

Isso sem falar dos riscos
Das usinas nucleares
Que podem mandar pros ares
Toda a circunvizinhança.
Chernobyl foi um aviso
Pros governos indecisos
Que "arrotam" segurança.

Todas as nações da terra
Têm consciência do fato
E mantiveram contato
No qual assinaram um termo
Aderindo a uma agenda
Cujo teor recomenda
Tratar do planeta enfermo.

Japão e Estados Unidos
São os maiores vilões
E alegam muitas razões
Prepotentes e egoístas.
Pra não assinar o pacto.
Formaram um bloco compacto
Temendo os economistas.

Todos sabemos que a água,
É a origem da vida,
Porém se for poluída
Nosso futuro é sombrio.
Por isso se faz urgente,
A proteção das nascentes,
Do curso e da foz do rio.

Nas ondas, os ecologistas,
Que deslizam sobre pranchas.
Denunciam as grandes manchas
Que matam aves e peixes.
E mesmo sob protesto
Tem se repetido o gesto
Por mais que o mundo se queixe.

O sul do Pará inteiro
Já virou um grande pasto.
Esse problema nefasto
Transforma a mata em sertão.
Dossiês de cientistas
Contém listas e mais listas
De espécies em extinção.

Madeireira é como praga
O lucro fala mais alto
Os senhores do Planalto
Não expressam gesto algum.
Os pés de maçarandubas
Ipês e macacaúbas
Desaparecem um a um.

As montanhas de serragem,
Que o fogo vivo consome,
É como a areia que some
De ampulhetas mortais.
A natureza reclama
Quando o lampejo das chamas
Mostra sua língua voraz.

IGLUS que soltam fumaça
Num quadro surrealista
Tem até foto em revista
Denunciando esse fato,
São fornos feitos de argila
"Denegrindo a clorofila"
Num fumarento retrato.

Comboio de caminhões
São vistos frequentemente
Conduzindo, impunemente,
Madeira de lei em tora,
São árvores seculares
Dizimadas aos milhares
Por este Pará afora.

Fora a bio-pirataria
Que impera de todo jeito
Sem o menor preconceito
Por gente que vem de longe.
Sem nenhum aval explora
Nossa fauna e nossa flora
Com a sutileza de um monge.

Quantas espécies de vidas
Foram extintas, sem que o mundo,
Conhecesse mais a fundo
Sua importância ecológica.
Todo e qualquer ser vivente
Traz uma função latente
Na cadeia biológica.

Esse ataque à natureza
No coração do Brasil
Também inibe o plantio
Na seara de quem sonha.
O autor destas palavras
Suplica que imponham travas
Nos portais da Amazônia.

O canto do uirapuru
Que até rouxinol inveja
Folha de vitória-régia
"Lua verde" sobre o rio.
Vida abundante no mangue
Kayapó de puro sangue
Muita gente nunca viu.

Fontes que brotam das pedras
Riachos cortando as matas
Exuberantes cascatas
De água pura e cristalina.
Muita gente, hoje em dia,
Só vê por fotografia.
Pobre massa citadina.

Nas cidades os esgotos
Que desembocam nos rios
São os grandes desafios
Da luta ambientalista.
Falam que os níveis letais
De coliformes fecais
Virou terror de banhistas.

O abuso, em decibéis,
É outra praga moderna.
Os ancestrais da caverna
Hoje, ficariam loucos.
Carros, fábricas, rojões,
Bombas, trens e aviões.
É um verdadeiro sufoco.

É poluição sonora,
Visual e atmosférica
Nas regiões periféricas,
Centros urbanos, florestas,
Praias, rios e oceanos.
Que para os próximos anos
Mostram previsões funestas.

O que restará dos índios,
Das reservas saqueadas,
Das assassinas queimadas,
Do cedro que vira cama,
Do piquiá, do pau d'arco
Serrados pra fazer barco
Sem o aval do IBAMA.

Muitos livros certamente
Serão escritos mais tarde
E chamarão de covardes
Os algozes da floresta.
Mas convicto, asseguro,
Que só teremos futuro
Se preservarem o que resta.

Peixe-boi comendo folha
Ou boi comendo capim?
Não se justifica um fim
Pelos meios praticados.
O que é bom já nasce feito
Tudo o mais é imperfeito
Foram só modificados.

Mesmo assim tem muitos livros
Que só falam de esperança
O homem jamais se cansa
De esperar que melhore.
Expansivo ou intimista
Quase sempre é otimista
Não importa onde more.

Lavoisier, salvo engano,
Afirmara com certeza
Que uma lei da natureza.
Molda o processo e a forma.
E nela nada se cria
No máximo se copia
Porém, tudo se transforma.

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