A Garganta da Serpente
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As plantas

(Alfred' Moraes)

Está escrito nos livros
Que a natureza utiliza
A borboleta e a brisa
Como fertilizadores,
Nesta função, a abelha,
Ao beija-flor, se assemelha,
Na fecundação de flores.

As plantas não se deslocam
Nem cruzam como animais,
Usam elementos florais
Na produção dos filhotes.
O Criador foi perfeito
Pra tudo Ele deu um jeito
Distribuindo os seus dotes.

E então dotou criaturas
De hábitos singulares
Que só comem nos lugares
Onde o vegetal floresce.
Seu restaurante é a flor
"Missão"-Polinizador
A flora inteira agradece.

É assim que a natureza
Renova-se eternamente
Toda a espécie vivente,
Seja da fauna ou da flora,
É sempre um reprodutor
Obra de Deus Criador
Isso ninguém ignora.

Nem a ciência moderna
Conhece todas as plantas
No mundo inteiro são tantas
A serem catalogadas.
Que em nenhuma enciclopédia
Ou mesmo a Wikipédia
Estão atualizadas.

Todas as formas viventes
Formam a biodiversidade
Mas, há singularidade,
Em cada organismo vivo,
Do fungo à maior sequóia,
Da bactéria à jibóia,
Cada ciclo é exclusivo.

As espécies angiospermas
São as que ficam floridas
Com flores tão coloridas
De uma beleza incomum.
Das quais exalam os olores
Atraindo os beija-flores
Para um doce desjejum.

No tempo da floração
O pintor da natureza
Desenha com sutileza
Uma aquarela em matizes.
A vida, feita em nuances,
Reabre o leque de chances
Pra que a mesma se eternize.

As sequóias milenares
E às transgênicas de agora
Do mesmo jeitinho, flora,
Pra depois frutificar.
Fazer florir, ninguém sabe,
Só à natureza cabe
Esse mistér singular.

Muitas plantas são famosas
Pelos frutos produzidos
Vários deles consumidos
No mundo, diariamente.
A banana e o arroz
Certamente são os dois
Mais conhecido da gente.

Grande parte das espécies
Só existem no Brasil
O mundo já consumiu
Quase todo o seu estoque.
E agora, sem parcimônia,
Querem que toda a Amazônia
Vire, tão somente, um bosque.

Livros que falam da lenha
Combustível da lareira,
Do esterco sobre a leira
O mais nobre nutriente,
Do chuchu e do tomate,
Da cidreira e do chá-mate,
Que acalma os nervos da gente

A região Amazônica
Foi tão privilegiada
Que é a mais arborizada
Entre todas do planeta.
São espécies tão diversas,
Algumas delas, imersas,
Em áreas de água preta.

Existem árvores nobres
E também ornamentais,
Tem plantas medicinais
Que a cura vem das raízes.
Orquídeas e samambaias
São como areia na praia
Em diferentes matizes.

Castanheira e andiroba,
Cumaru e cupiúba,
Pau d'arco e maçaranduba,
Angelim e Jatobá,
Ipê, mogno e jarana,
Quaruba e piquiarana,
Acapú e marupá.

São algumas das espécies.
Da Amazônia legal.
Na floresta virginal
São espécies gigantescas,
Com suas copas frondosas
E alturas prodigiosas
Conservam as raízes frescas.

As plantas nos dão: os frutos,
Caule, folhas e raízes;
Perfume, seiva e matizes,
Sementes, madeira e sombra,
Enzimas, verdura e flores,
Dos mais diversos olores,
Bebida, remédio e lombra.

Como certo mururé
Cuja folha é um espetáculo
Presa num longo tentáculo
Que vem do fundo do rio.
Folha redonda gigante
"Lua verde" flutuante
Abrigando rãs no cio.

Livros que falam da rosa,
Da roseira e do espinho,
Do algodoeiro e do linho,
Da pimenteira e do molho,
Do mate e do chimarrão,
Do pinho e do violão,
Do coentro e do repolho.

Falam da cana e da pinga,
Da oliveira e do azeite,
Da seringueira e do leite,
Do cedro e do pau-brasil,
Do resistente pau d'arco
Usado pra fazer barco,
Do carvalho e do barril.

Livros que falam da alga
Vegetal enigmático
Que no mundo subaquático
Cresce, reproduz e morre.
Tem importância vital
No processo natural
Se um desequilíbrio ocorre.

Livros que falam da força,
Dos ventos, e dos temporais,
Do viço que chuva trás
Às sementes ressequidas.
O broto audaz rompe a cova
O ciclo então se renova
No calendário da vida.

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