A Garganta da Serpente
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A dor ressecou meu peito
e o teu amor me irrigou!

(Lílian Maial)

Vivia por só viver,
sucumbi ao sentimento
de fel, descontentamento,
que não me deixava ver,
nem conseguia saber
se o mundo modificou,
se um novo dia raiou,
até que tu deste um jeito:
a dor ressecou meu peito
e o teu amor me irrigou!

Teu corpo é flor e é semente,
divina luz de arrebol,
carinhoso e sensual,
doce, amigo, imponente,
que toma conta da gente,
num abraço que amparou,
e intenso fogo passou,
num caminhar insuspeito.
A dor ressecou meu peito
e o teu amor me irrigou!

Se eu sofro, sei que me entendes,
se rio, sei que me segues,
e mesmo que, em versos, negues,
a tua verve é o que sentes,
e nós nem somos parentes,
mas o sangue se juntou,
e a saudade coagulou
o que já era perfeito:
a dor ressecou meu peito
e o teu amor me irrigou!

Chegou a hora, afinal,
de termos nossa verdade,
e é com total liberdade
que eu canto esse ritual,
essa vontade abissal,
que meu corpo incendiou,
minha pele transudou,
apontando o novo eleito:
a dor ressecou meu peito
e o teu amor me irrigou!

Nos sonhos eu já contava,
pra todo mundo saber,
que eu estava pra morrer,
que de nada mais gostava,
que somente eu aguardava
pelo tempo que passou,
e que a vida me levou,
sem que eu tivesse direito:
a dor ressecou meu peito
e o teu amor me irrigou!

Neste sonho eu não te via,
nem sabia do teu nome,
só a dor que me consome,
nem teu rosto eu conhecia!
Mas como é doce a magia!
Teu cantar me conquistou,
e, então, a mim, resgatou
de um horizonte imperfeito:
a dor ressecou meu peito
e o teu amor me irrigou!

Se hoje eu canto o teu verso,
e trago, em mim, a alvorada,
por ser tua namorada,
a senhora do universo,
neste mundo tão perverso,
canto o que tive a acabou,
o que saiu e chegou,
e o teu calor no meu leito:
a dor ressecou meu peito
e o teu amor me irrigou!


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