A Garganta da Serpente
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Botafogo - uma história em jogo

(Quelyno Souza)

Peço licença a Vossa Senhoria
Para contar do Botafogo sua história
Que ora completa setenta e seis anos
De muita persistência e glória
Que "dias melhores virão"
Com muito mais vitórias

Na casa de dona Sebastiana
Em reunião comandada por Beraldo
Com Manoel Feitosa e José de Melo
Enock Lins e Edson Machado
Que contou ainda com Livonete Pessoa
Nesse dia o Botafogo foi fundado

Na Rua Borges da Fonseca
No bairro do Roger nesta capital
Que o clube nasceu
Para alegria do pessoal
E hoje vive fazendo história
No futebol estadual e nacional

Era o dia vinte e oito de setembro
Do ano de mil novecentos e trinta e um
Na rua, no bairro e na cidade
Logo correu um zum-zum-zum
Que o clube surgia pra ficar
Não seria apenas mais um

O Botafogo só joga na bola
Nunca dá ponta-pé
Até o seu emblema é diferente
Não tem uma letrinha sequer
É representado por uma estrela
Mas não é uma estrela qualquer

A estrela de vermelho foi pintada
A pedido do radialista Ivan Tomaz
Pra diferenciar do Botafogo carioca
E ganhar um brilho a mais
O seu emblema ficou legal
Tá no sangue e da mente não sai

O Botafogo paraibano
Nasceu alvinegro e alvinegro continua
No gramado dá conta do recado
A arquibancada parece ser só sua
Sua estrela solitária
Brilha muito mais que a lua

Escrito pelo saudoso Livardo Alves
Por toda a galera é cantado
O hino do Botafogo paraibano
Deixa o torcedor animado
No campo o time dá show de bola
E o adversário sai mais uma vez goleado

Seu mascote é um xerife
"Belo" é seu apelido
Quem escuta seu grito
Não esquece de ter ouvido
Volta sempre ao Almeidão
E vibra com cada lance assistido

No seu primeiro jogo
O Botafogo não pegou moleza
Enfrentou o time São Bento
Cometendo falhas na defesa
Dois a dois foi o resultado
Um placar justo com certeza

Na Maravilha do Contorno
A sala de troféus é bendita
A sede precisa de reparos
Que a verdade seja dita
Que a diretoria pense no futuro
E trabalhe por uma sede mais bonita!

A torcida Independente manda força
Da arquibancada fazendo zoada
E a galera Anjinhos do Belo
Fica com a faixa virada
Agitando a torcida
Se o time não joga nada

Quando a charanga toca
A arquibancada pega fogo
Com a torcida Império
E a Bota Chopp vira o jogo
No final da partida
Quem ganha é o Botafogo

A Velha Guarda faz presença
A torcida botafoguense é demais
Não importa a competição
Pra todo o lugar que o clube vai
A torcida da Fogomania
E a galera da Jovem vai atrás

De ônibus, avião, navio e trem!
De fusca, mercedes ou verona
A galera vai até de caminhão
Mesmo debaixo da lona
Para incentivar o clube
O torcedor vai de pé ou de carona

É triste só de pensar
Não tem botafoguense que agüente
Vê um automobilista puxa-saco
Um nacionalino descontente
Um trezeano fanático
E um campinense doente

Hoje tem mais um jogo
Mais uma vitória eu não me engano
Torcedor de clube de fora
Aqui vai entrar pelo cano
Quem manda no Almeidão
É o Botafogo paraibano

Sua torcida vem crescendo
Do Cangote do Urubu ao Valentina
Do Buraco da Jia à Bola na Rede
Tem gente da ralé e burguesia
Espalha-se e ninguém mais domina
Tem torcedor até na Palestina

Do litoral ao sertão
Dessa terrinha querida
Não tem nem comparação
Mesmo perdendo uma partida
O "Belo" ainda tem a maior torcida
Do futebol da Paraíba

Em todo dia de jogo é assim
Pego o meu radinho de pilha
E para o estádio eu vou
Levo toda a família
Pra vê mais uma vitória
Do time da maravilha

Entre os grandes jogadores
Marajó e Betinho vou destacar
Ainda Berto, Lula e Pagé
Ferreira, Bola Sete e Vavá
Washinton Luiz e Lobo
Pelo o que eu vi e ouvi contar

Severino dos Ramos Lins
O "Fiapo de Ouro" ou Nininho
Ainda tá na mente do torcedor
Os seus gols e do goleador Dentinho
As jogadas de Esquerdinha
E do ex-dirigente e jogador Melinho

"O matador de tricampeões"
Pela revista Placar foi chamado
Por bater Flamengo e Internacional
Em todo canto foi falado
O Botafogo foi destaque nacional
E até hoje esse fato é comentado

O time assim era formado:
Hélio Show, Gerailton e Nonato
Deca e Marquinhos na defesa
No meio campo estava o segredo de fato
Nicásio, Magno e Zé Eduardo
Um dos melhores do campeonato

Como na defesa e meio campo
Na frente só tinha craques
Getúlio, Evilásio e Soares
Comandavam o ataque
E no banco Cláudio e Dão
Caiçara vez por outra tinha piripaque

Vinte e cinco títulos conquistados
É de fazer qualquer torcida tremer
Ganhos nos gramados com raça
Nasceu pra fazer e acontecer
Quando entra em campo
Só joga pra vencer ou vencer

Em mil novecentos e oitenta e sete
O Botafogo foi jogar lá fora...
Não posso negar a história
Foi pra Europa e quase se atola
Jogou dez partidas e nenhuma vitória
Fez turismo e esqueceu de jogar bola

Foi na Copa do Brasil que o Botafogo
Conheceu o fundo do poço
Contra o São Paulo fez seu pior jogo
Com um time frouxo e preguiçoso
Se eu não assistisse a partida - diria:
Que dez a zero é placar de mentiroso

No ultimo campeonato
O elenco não era preparado
E o Botafogo paraibano
Deixou o torcedor contrariado
Faltou competência e garra
E acabou sendo eliminado

Peço ao meu bondoso Deus
Que tenha compaixão
E atenda esse meu pedido
De ver o "Belo" na primeira divisão
E antes de minha morte chegar
Ainda quero vê-lo campeão.

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