Base VII: Dos ditongos
1º) Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos
como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos principais,
conforme o segundo elemento do ditongo é representado por i ou
u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou: braçais,
caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos), goivo,
goivar, lençóis (mas lençoizinhos), tafuis,
uivar, cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito),
mediu, passou, regougar.
Obs: Admitem-se, todavia, excepcionalmente, à parte destes dois grupos,
os ditongos grafados ae(= âi ou ai) e ao (=
âu ou au): o primeiro, representado nos antropónimos/antropônimos
Caetano e Caetana, assim como nos respectivos derivados e compostos
(caetaninha, são-caetano, etc.); o segundo, representado nas combinações
da preposição a com as formas masculinas do artigo ou pronome
demonstrativo o, ou seja, ao e aos.
2º) Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos
particulares:
a) É o ditongo grafado ui, e não a seqüência
vocálica grafada ue, que se emprega nas formas de 2ª e 3ª
pessoas do singular do presente do indicativo e igualmente na da 2ª pessoa
do singular do imperativo dos verbos em - uir: constituis, influi,
retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os casos de ditongo
grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui,
Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com
as formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo
e de 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em - air e em
- oer: atrais, cai, sai; móis, remói, sói.
b) É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de
origem latina, a união de um u a um i átono seguinte.
Não divergem, portanto, formas como fluido de formas como gratuito.
E isso não impede que nos derivados de formas daquele tipo as vogais
grafadas u e i se separem: fluídico, fluidez (u-i).
c) Além, dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos
decrescentes, admite-se, como é sabido, a existência de ditongos
crescentes. Podem considerar-se no número deles as seqüências
vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas, tais as
que se representam graficamente por ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo:
áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio, mágoa,
míngua, ténue/tênue, tríduo.
3º) Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos
como átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos
representados por vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma
vogal seguida da consoante nasal m. Eis a indicação de
uns e outros:
a) Os ditongos representados por vogal com til e semivogal são quatro,
considerando-se apenas a língua padrão contemporânea: ãe
(usado em vocábulos oxítonos e derivados), ãi (usado
em vocábulos anoxítonos e derivados), ão e õe.
Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas,
cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não,
quão, sótão, sotãozinho, tão; Camões,
orações, oraçõezinhas, põe, repões.
Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo, colocar-se o ditongo ?i;
mas este, embora se exemplifique numa forma popular como r?i = ruim,
representa-se sem o til nas formas muito e mui, por obediência
à tradição.
b) Os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são
dois: am e em. Divergem, porém, nos seus empregos:
i) am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais:
amam, deviam, escreveram , puseram;
ii) em (tónico/tônico ou átono) emprega-se em palavras
de categorias morfológicas diversas, incluindo flexões verbais,
e pode apresentar variantes gráficas determinadas pela posição,
pela acentuação ou, simultaneamente, pela posição
e pela acentuação: bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, nem,
quem, sem, tem, virgem; Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim,
enquanto, homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém
(variação de ámen), armazém, convém,
mantém, ninguém, porém, Santarém, também;
convêm, mantêm, têm (3ª pessoa do plural); armazéns,
desdéns, convéns, reténs; Belenzada, vintenzinho.