Para um pintor o dia começa com o sol iluminando a janela e a nudez de uma tela exposta à volúpia, pronta a ser possuída, desafiando do alto do cavalete a sensibilidade e os nervos do artista.
Nas paredes outros quadros conspiram, movem-se em duelo mágico convocando a loucura.
É nesse clima que o trigo é lançado, depois vem o vento doentio e sagrado, oriundo de sonhos secretos, resvala o trigo, mistura as cores, germina. É a materialização do sonho, o encontro do onírico com o real. Para o pintor, o dia não tem sentido sem a janela, a tela nua, o desenho matinal, seu desjejum.
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