A Garganta da Serpente
Ouroboros histórias sem fim

O JANTAR


        Depois de cinco longos anos, finalmente o juramento seria quebrado: Pedro voltaria à casa de seu pai e sentaria à mesa de jantar. Parecia tudo muito simples, obra dessas paixões que enterram os amores perdidos e fazem esquecer as mágoas... Todavia, era justamente isso que o preocupava: essa mulher que conseguira tomar o lugar de sua mãe.
        Pelo tempo já passado, no entanto, Pedro sentia que os lugares à mesa, inalterados, o mesmos copos de cristal (que a mãe tinha trazido da viagem de lua de mel onde trocara beijos e juras e eternidades com o seu pai), o mesmo serviço da Companhia das Índias que sua mãe criteriosamente havia escolhido e até o faqueiro de prata devolvido duas vezes por não ser o pretendido, e msmo os guardanapos de linhos da avó, fariam parte e testemunhariam aquele primeiro jantar após cinco anos de ausência.
        Não lhe apetecia vestir-se especialmente para aquele evento. Sentou-se frente ao espelho. Acendeu um cigarro (curiosamente a marca de cigarros da mãe...) e lançou o fumo como se com isso conseguisse atirar todo o fardo que lhe pesava desde que vislumbrando os olhos chorosos do pai, viu a urna da sua progenitora descer à terra sob a égide da sua intransmissível dor. Não era propriamente um homem bonito, mas tinha o olhar complacente e tranquilo da mãe - e foi com esse olhar que ele conseguiu formar-se e ser o que o pai chamava de "alguém". Enquanto fumava e olhava o espelho decidiu, quase sub-conscientemente vestir o frato preto e colocar a gravata de cornucópias cinzentas que Alice, a ama que o havia mimado sempre e acompanhado, lhe ofertara pelo Natal passado. Apagou o cigarro e contemplou o espelho mais uma vez. Não lhe apetecia nada aquele jantar de reencontro, muito menos com o pai a quem não perdoava ter colocado aquela mulher, cujo olhar revelava mesquinhez apenas, na mesa onde sua mãe sempre se sentou. Contudo, sentia que tinha de ir, como se a sua presença fosse incomodar a mesquinhez da senhora e isso regozijava-o. Ele pelo menos lembraria ao pai que outra mulher havia sido tão amada que a memória estaria viva enquanto ele próprio vivesse. Sorriu por essa pequena grande vingança...
        O jantar decorreu sem história, quase em silêncio, como acontece entre pessoas que não estão muito à vontade umas com as outras. A sala era de decoração um pouco pesada, algo pretenciosa, ao gosto de Guiomar, a madrasta . Nas cabeçeiras da mesa, sentavam-se o pai e Guimar; no meio, ele e mais três convivas: Joana, filha de um anterior casamento da madrasta (que era também viúva), Carlos, o seu noivo, e Ágata, filha do falecido marido de Guimar, e enteada dela, como Pedro.
         Enquanto a refeição decorria, sentiu desvanecerem-se os ciúmes pela madrasta, como se ela e o seu pai passassem para segundo plano. Joana e Carlos faziam já um casal algo comum, mas eram as piadas dele e o riso dela que punham uma nota de alegria no grupo que jantava.
         Os olhos de Ágata eram castanho-esverdeado, grandes e expressivos na face um pouco séria. E os olhos de Pedro iam-se encontrando com os dela, e por causa disto ia esquecendo tudo o mais.
         Alice entrou a anunciar o café. À velha ama não escapou um daqueles olhares. Todos se levantaram e passaram à sala de estar, onde ardia a lareira.
        À entrada da sala e sem perceber se propositadamente ou não, Pedro sentiu que Ágata procurou num relance o local onde se sentar, perto dos outros, mas o suficientemente afastada para que qualquer conversa não pudesse ser escutada pelos outros convivas a quem o vinho já tinha retirado um pouco mais o embaraço da situação. Sem querer saber se propositadamente ou não, Pedro apoiou-se num pequeno pilar junto a Ágata e com um sorriso ofereceu-se para lhe ir buscr o café.
         - Muito obrigada Pedro, aceito sim. Estes jantares deixam-me pesada. - disse-o abrindo um sorriso pouco vulgar naquela sua face impenetrável. Guimar olhava. Ou por outra, perscrutava, vasculhava, tentava com os seus olhos pequenos retirar os mais ínfimos segredos de cada uma daquelas almas que ali partilhavam o café. Seu pai ria embriegado pela alegria de estarem todos juntos e ia dando palmadinhas nas costas Carlos enquanto soltava o fumo acinzentado do seu charuto aromático. Joana abeirou-se de sua mãe e ficou entendido na sala que ia haver confidências de parte a parte. Pedro com duas chávenas na mão procurou o local para as pousar enquanto olhava e puxava uma cadeira de tom damasco que se lembrava desde os tempos de infância e que fazia agora parte da decoração daquela sala.
         - Ora então temos aqui dois cafés que completarão o jantar que estava divino. A Alice nunca deixou créditos por mãos alheias. - palavras que Pedro quase despejou sem pensar
         - A Alice é amorosa. Nem sei como com esta idade ainda suporta todas as tarefas que lhe são confiadas - retorquiu Ágata enquanto levava a chávena aos lábios, poucos carnudos, de cor quase púrpura, mas que deixavam no ar um certo sabor sensual.
         Pedro, por instantes, ficou parado dentro daqueles lábios. Jamais tinha olhado Ágata daquela forma. Quando adolescente era uma menina mimada, estragada, caprichosa e desengonçada. Fugia-lhe sempre que a via. Evitava trocar qualquer impressão com ela. Era o tipo de adolescente que qualquer rapazito queria ver a léguas. Tornada mulher agora, o seu rosto mostrava calma mas era fechado, transmitia doçura mas era amargo. Em que se teria transformado a filha de sua madrasta?
         - A Alice é realmente uma fada madrinha - disse finalmente - já não se fazem mulheres como ela! Para além disso foi sempre o meu anjo da guarda.
         - Diz-me Pedro, agora que te formaste, que pretendes fazer ? - e a pergunta dela saiu disparada como bala antecipada em dia de salva de tiros. Olhando para o fumo do charuto de seu pai Pedro quase que falando para ele mesmo respondeu:
         - Ainda não sei. Tenho uma boa proposta de emprego. Talvez aceite. A empresa é boa e provavelmente será uma boa escada para um dia abrir o meu próprio consultório de advocacia.
         - E...a tua namorada? Que faz ela?
         - Namorada? - Pedro riu - não tenho namorada. Tive de preterir os amores pelos livros ou não me teria formado tão cedo.
        O rosto de Ágata iluminou-se com um sorriso de incrédula ironia. Os olhos dela riam-se finalmente, mas sem troça. Discretamente dava a entender a Pedro que intuía a sua vida amorosa. Ele sentiu o toque: Na verdade nunca preterira os amores, pelo contrário bem os cultivara, bebendo o prazer com várias mulheres. Somente renunciara à responsabilidade de um amor único. Ela adivinhara a sua desculpa adolescente, escusando-se com os livros, e Pedro sentiu que não lhe poderia esconder nada, a não ser que tomasse a ofensiva.
         - E tu, tens namorado? - Tentou dar um carácter casual à pergunta. - Não. - Respondeu ela. - Acho que tenho sido demasiado exigente, com os homens que tenho conhecido. - Rematou. Seria um desafio?
         Carlos tinha vontade de se escapar para o jardim com Joana, a ver as estrelas no céu, mas o pai de Pedro prendia-o, conversando. Distraída deles, Joana falava animadamente com Guiomar, que parecia menos tensa, mais humana.
        Por poucos segundos e retirando a atenção de Ágata, Pedro olhou a madrasta, sem que esta se apercebesse. Como tinha aquela mulher interferido no seu destino! Longos anos de colégios internos, longe do pai, abafando em cada noite o choro na almofada da cama para que os colegas não o gozassem, sentindo a saudade pela mãe crescer diariamente com ele e no entanto, por inaudito que pudesse parecer, Carlos sabia e isso só ele o sabia, que a mãe jamais o deixara só. Esteve sempre com ele e cada lágrima foi delicada e carinhosamente enxugada pelas suas mãos etéreas. Aquela mulher ali, que num breve espaço de tempo até parecia humana, fria e racional, tinha-o afastado tal como fizera com Ágata.
         - O teu rosto ficou tão impenetrável e longínquo.... - as palavras da sua companhia tiraram-no da recordação.
         - Desculpa-me Ágata , estes jantares têm um efeito secundário em mim - e ao dizer isto Pedro abriu um largo riso, mas um riso gelado, arrepiador.
         - Pedro... tu estás bem?
         - Não. Na verdade não estou. Vou até ao jardim refrescar o meu ambiente. Acompanhas-me?
         E debaiso do olhar fino e trespessador de Guiomar, os dois sairam pela portada envidraçada e imensa que a mãe de Pedro um dia fez questão que existisse. Tudo naquela casa era uma assinatura daquela cuja morte apontou para aquele jantar que Pedro custava a digerir.
         Já no jardim o enrolados pelo cheiro hipnótico das madressilvas e da noite quente que ocultava as verdades, Ágata disparou directo:
         - Pedro, eusei que não estamos juntos há muito tempo e que a intiimidade entre nós (se é que alguma vez existiu) se perdeu, mas não posso deixar de te reparar no teu olhar metálico e reclamador de vingança quando olhas para a nossa madrasta. Pedro, ainda não ultrapassaste...?
         Ele não a deixou continuar:
         - Olha, há coisas que nem com muita intimidade se revelam. Peço-te que me deixes recolhido nesse sentimento e não voltes a perguntar ou a comentar qualquer atitude minha relacionada com s Sra.D. Guiomar. - o tom em que faou foi lapidar e conclusivamente indubitável. Ágata sentiu o gelo, a dor dele, e em simultâneo, o nó na sua garganta pelo afastamento brusco que Pedro ali lhe impôs. Saiu do seu lado e começou a caminhar em silêncio em direcção ao lago que trazia ao jardim uma abóbada celeste pontilhada de luz. Abeirou-se da água e olhou. Nem mesmo com alguém que seria capaz de sentir e realmente saber o que lhe ia na alma, ela podia falar e despejar aquela ângustia que a revestia há tantas décadas...
        Pedro deixou-se levar por pensamentos de tristeza e remorso pela forma como falara a Ágata. Porque não havia ele conseguido ultrapassar o ocorrido. Tantas pessoas no mundo passam por situações semelhantes, "e até piores" como ele mesmo gostava de frisar quando entrava neste tipo de pensamento vicioso. Um grito destemperado o acordou desse estado de introspecção. Veio da casa e ele, numa mistura de susto e espanto voltou correndo para ver o que estava acontecendo. Entrou quase que simultaneamente com Ágata que também ouvira o grito.
         Ao entrarem na sala de estar viram o pai de Pedro de boca aberta e cabeça recostada na poltrona tremendo com as mãos agarradas ao peito enquanto Guiomar gritava em desespero. Carlos estava ao telefone com 'emergências' dando, com uma voz totalmente alterada o endereço da casa. Joana, pálida pedia para o pai ter calma. - O que aconteceu? O que aconteceui? - perguntou desesperado Pedro. - Meu Deus! Pai! -
         Aos poucos o pai parou de tremer. Os olhos esbugalhados. A boca tensa. A mão se soltou do seu peito e o silêncio tomou conta da sala. A única coisa que se ouvia era o choro abafado de Ágata e Joana.
         Em desespero Guiomar começou a sacudir o corpo do pobre homem sob o olhar triste e raivoso de Pedro. Carlos, ainda com o telefone na mão estava estático.
         - SAI DAÍ!!!!- griotu Pedro empurrando violentamente Guiomar que caiu a um lado chorando compulsivamente,
         enquanto Pedro improvisava uma massagem cardíaca, que de nada adiantaria. O ceifo inevitável tinha descido impiedoso sobre a cabeça do Sr. Porto Madeira. Alguns minutos depois o som da sirene anunciou a chegada da ambulância. Pedro olhava para Guiomar enfurecido.
        A noite caía fria e desesperadora. Todos no hospital, todos em pânico com a situação de risco a que o pai de Pedro fora submetido. Guiomar, num canto, distante de todos, mantinha-se cabisbaixa, com um olhar distante e indefinido. Ágata sustinha Pedro em outro olhar meio lacrimal.Todo o ambiente era de pavor e silêncio dúbio e mortal.
         O médico.
        
        - Lamento dizer-lhes que fizemos tudo que estava ao nosso alcance, mas os nossos esforços não foram suficientes e não há nada mais que possa ser feito... -
(tanto faz)
        Pedro respirou aliviado... O teimoso do pai dele só tomaria alguma atitude depois que o médico dissesse que não havia mais jeito... Todos aqueles perfumes... Poxa!Não dava! O cheiro estava insuportável. Nem ele mesmo aguentou e desmaiou...
         Ele teria que tomar banho! Então, com esse alívio, Pedro desculpou Ágata pelos peidos de feijão... E todos vivera felizes para sempre!
         FIM
(#manona#)
        Fim.......
         Fim de uma vida ...e felizes para sempre viveram ,menos Pedro.Que apos ter sofrido com a morte da mãe,agora sofre a dor da culpa de ter matado seu pai por engano.Sim!Matado.
         colocara veneno no feijão se sua madrastra e por fatalidade do destino o pai o comerá.
         Era o fim de sua dor, mas ainda estava confuso, não mais se sentia um órfão, também pudera, trinta anos, Pedro já havia chegado aos trinta anos, não mais era aquele adolescente de vida e pensamentos conturabados, que havia perdido a mãe e o pai por acidente. Pedro agora era um novo homem, casado com Ágata, que já era uma mulher de vinte e nove anos, formada em jornalismo , como ele, ambos eram pais de Lívia de apenas três anos, eram de fato uma família feliz, só que algo inesperado aconteceu...
        Não...na verdade quem era o pai de Lívia era o Guilherme, um amigo da família.
         Mais amigo de Ágata, que por sorte encontrou o aconchego dos braços de Guilherme.
         E essa foi, sem dúvida a declaração mais surpreendente feita a todos...
        
        A coisa está indo mais depressa do que imaginei - disse Guilherme. - Precisamos decidir o mais depressa possível, antes porém quero dizer algumas palavras.
         Carolina , irmã de Guilherme, bateu palmas para chamar a atenção das pessoas.
         - Será que vocês podiam se sentar novamente?
         _Obrigado pela atenção. Queria lembrar a todos que essa é uma festa filosófica. Por isso, vou fazer um discurso filosófico.
         Aplausos.
         As pessoas sentadas à mesa estavam ficando visivelmente nervosas...
        
        Tudo o que queremos é a palavra exata, aquela que nos explique a vida, que silencie todas as outras vozes e que se estabeleça acima de tudo o que é divino... porque somos tão arrogantes?
        Mas então que aparecem Pedro e Ágata vestidos com roupas de balé e dançando a Ula-Ula, para interromper a reunião...
        O constrangimento foi geral. Leocádia, que nutria um sentimento incestuoso por Pedro, virou o rosto ao ver o corpo do filho vestido na malha semitransparente.
         Hermío levantou-se e começou a rir, querendo quebrar o mal estar. Mas era visível: Ágata e Pedro estavam bêbados. O final da noite não poderia ser mais desagradável.
        Em sua dor - dupla? tripla? pois Pedro crescera que ela era apenas sua tia - Leocádia tinha ímpetos de atirar-se aos pés do filho e pedir perdão.
         Mas para quê? Bêbado e seminu naquela roupa, Pedro parecia um fantoche ao lado de Ágata.
        Posto que Pedro era pedra e Ágata água, a falange da noite tinha por onde esconder-se.
         Pedro ainda trazia na mente todos aqueles minutos das vidas passadas, mal passadas e vividas.
         Mas Pedro era pedra e Ágata água.
         O Futuro se desvendará por si, só...
        Joana, então, teve uma idéia genial:
         - Que tal fecharmos as portas da mansão e não deixarmos entrar mais nenhum personagem?
         Hermío foi contra a proposta, mas foi voto vencido.
         Pedro olhou para Ágata, que olhou para Carlos, que olhou para Leocádia, que olhou para Alice, que olhou para Guilherme, que olhou para Carolina, que olhou para Joana, que olhou para o velho retrato do Sr. Porto Madeira, que a todos observava com olhar denunciador.
         Todos, porém, inclusive o velho retrato do Sr. Porto Madeira, ignoraram por completo a presença de Hermío naquele recinto.
         - Quem é você e o que faz aqui? – perguntou estupefato Pedro, o protagonista.
         - Sou Hermío, filho do comendador Braguilha de Bragança.
         - Sim... Mas o que diabos estás fazendo aqui? E ainda em trajes de banho?!– redargüiu Pedro, com as faces vermelhas e com o charuto entre os dedos cheios de anéis.
         - Sinceramente não faço a menor idéia... Há apenas algumas linhas eu estava descansando em férias nas ilhas Faroe, quando, misteriosamente fui abduzido por forças estranhas e ocultas que trouxeram para cá! – Hermío, levemente nervoso e ruborizado por estar ali, mostrando uma imensa barriga de chope e umas pernas muito brancas e finas, parecendo um queijo.
         - Senhora Dona Alice, queira, por gentileza, mostrar a porta de saída para essa criatura indesejável.
         - Mas...
         - Sem nem meio ‘mas’!, o senhor está sobrando neste conto! E ainda com essa pança turbinada!? Retire-se, por favor...
         E as coisas tornaram a encaixar-se perfeitamente como um dominó.
         - Gostaria, senhoras e senhores, que todos me acompanhassem até a sala de estar. Tenho uma confissão a fazer – sentenciou Leocádia, com o semblante pesado e denso.
         Todos, à exceção da ama Alice e do intruso Hermío, dirigiram-se silenciosos e pensativos até a enorme sala decorada com motivos africanos e com vitrais bizantinos.
         - Gostaria de pedir desculpas, principalmente a Pedro, por todos esses anos que me escondi... – Leocádia tropeçando nas palavras.
         - Quê!? – Pedro com ar pétreo.
         - Cale a boca!!! – exigiu Guiomar, temendo algo pior.
         - Não! – disse Ágata – Vamos esclarecer tudo o que precisa vir à tona.
         Leocádia, cada vez mais afetada e com as lágrimas às portas dos olhos tristes, contou que era, na realidade, mãe de Pedro e de Ágata; que tanto a gravidez da primeira mulher do velho Sr. Porto Madeira como a gravidez de Guiomar com o falecido pai de Ágata foram forjadas, inventadas para
         esconder algo muito mais grande e complexo: Leocádia, que na realidade chamava-se Svetlana Burakowska, fazia parte do Departamento de Defesa Norte-americano e estava envolvida num projeto secreto de fertilização e colonização.
         Todos, ao ouvirem aquele relato, deixaram cair os queixos e solicitaram à Alice que lhes trouxesse um chá de erva-doce, pedido atendido de pronto pela competente governanta da mansão dos Porto Madeira.
         Mas o que ninguém sabia era que, além de ultracompetente, a velha senhora Alice também era agente da CIA, especialmente treinada para situações limite, de risco, preparada para tomar as providências cabíveis e necessárias em cada caso. E aquele era um caso de confissão e de segurança nacional.
         E, sem remorsos, ela fez o que deveria ser feito...
        
        Ao anoitecer, A Velha Senhora, debruçou-se na mesa e preparou-se para deglutir um prato de sopa, prato este com um conteúdo esverdeado e com um cheiro desagradavel e nojento, mas era o que tinha e Alice começou a sorver aquilo tudo, colherada após colherada. satisfeita foi cochilar um pouco num velho sofá esfalfado e com a palha e as molas às vistas. Foi quando virou os olhos e deu uma golfada de vómito pútrido e esverdeado, notou que junto ao vómito vinha pedaços de sua bilis amarga e gosmenta, sentiu nojo e um arrepio sacudiu o seu corpo todo, sua ulcera estuporada tingia o vómito de vermelho sangue. E aos poucos foi tomando consciência que o seu fim estava próximo, por fim deu uma tremenda golfada e prostou-se em decúbito ventral no velho sofá e deu seu último suspiro Groff!
        mas na verdade ela estava sonhando, e nao tinha acontecido nada daquilo, o seu fim poderia sim estar chegando mas nao naquele dia, nem naquela hora...
         ela ainda tinha muito oque fazer, por exemplo viver a sua nova realidade, que seria sua prioridade apartir de agora, asim ela conseguira ser feliz....
        Nunca vi alguém mais enjoado do que Matilde quando vai jantar. lava as mãos duas a três vezes. É um inferno. Uma compulsão.
Suas linhas




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