A Garganta da Serpente
Ouroboros histórias sem fim

JASMIM


        Um sol muito pálido balançava no horizonte distante. Talvez chovesse, mas a brincadeira não poderia ser adiada. Bianca espalhava, com todo cuidado, as flores pequenas do jasmim pelos degraus da escada: "para perfumar o meu caminho", pensava baixinho.
        Se a vida fosse so isso, seria melhor assim.
         Não consigo pensar em uma maneira melhor de viver
         Quando penso nisso fico com medo.
         Fortuna?Abandono? Gosto da ideia de ter este tipo de poder
         Sera felicidade?
         Se for quero, Se nao for nao faco questao.
         Como se fosse um posso de alegria.
         As vezes penso que a alegria pode vir acompanhada de tristeza, Quando Nao existe amor .
         As vezes nao consigo enteder o significado da palavra tudo.
         Um pouco de cada coisa? uma mistura de todas as coisas que te agrada ? Fico tentando ter felicidade mas acho que tudo isso que esta contecendo na minha vida e uma grande maldade.
         Nao me sinto completamente contente.
         Percebo que vejo pela janela dos fundos algo vermelho com se fosse sangue que alivio e so uma vela vermelha, me identifico com ela.
         Acho que estou doente.
         Ele e demente, as vezes nao consigo comprender a tua mente.
         nao posso continuar me sinto indisposta
         Machuca tanto que nao posso pensar na proposta.
        
        
        
        
        Subitamente, lágrimas dos anjos começam a cair por todos os cantos, tocando o fragil corpo de Bianca, assim como todo o extenso jardim. Bianca parece não se sentir incomodada com a chuva, parece inquisitiva. Ela pega as flores de jasmim e as levam até perto de seu rosto, respirando profundamente a essencia das flores. então pergunta para si mesma.
        
         - Será a chuva que irá levar a essencia de minha alma? O cheiro de minhas flores?
        Sei que se aceitar esta proposta vou perder a essencia rapidamente, ou talvez daqui a uns anos.
         Olho para o campo e vejo varios demonios, pedem por minha alma nao posso entregar.
         Me mostam fortuna, poder , dinheiro, me oferecem tudo isso, a unica coisa que me pedem em troca e minha alma.
         Me sinto fraca, nao consigo pensar, preciso de alguem, de um amigo por perto para abracar e pedir para me acordar deste pesadelo
         Olho para os lados nao vejo nada, so vejo a escuridao desta noite vazia e fria.
        
        Triste solidão que assola meu coração. Cheio de tristezas, cheio de amarguras. Por que não sinto mais o cheiro, de meu sútil jardim de jasmim? Por que tudo o que vejo são rosas negras. Olho para o céu, a chuva ainda cai sobre minha face. Peço a Deus que ele me leve logo, não mais aguento essa dor.
        
        Bianca tinha destas angústias existenciais, mas felizmente já conhecia o antídoto. Foi até à cozinha e preparou uma bela fritada de morcela, encheu uma taça de tinto, pôs tudo num tabuleiro e foi até à sala, onde crepitava a lareira. Comeu e bebeu com delícia, acendeu um cigarro, e contemplando o fogo, disse consigo: - Que bem que se está no campo!
         Depois, lembrou-se dos jasmins, e voltou cá para fora.
        A chuva tinha passado mas o céu continuava cinzento. Olhou as flores espalhadas no chão. Deveria casar com aquele homem que não lhe agradava? Pensou na sua pobreza presente, comparando com os dias felizes e despreocupados do passado. Pobre pai que a deixara quase sem nada, só a casa e o jardim de jasmineiros! Agora, aquele homem, abastado e mesquinho, propunha-lhe salvar a casa em troca da sua mão.
         Ainda estava com um pouco de febre, talvez por isso a intuição súbita: As lages ao fundo da escada do jardim seriam a sua mandala! Esperou então que o vento lançasse as flores, e entretanto rezou, ajoelhada.
        -Deus, sei que não tenho capacidade de responder a essa proposta, estou doente e a pouco pedí pra que me levasse, mas agora ao ver os meus jasmins serem levados pelo vento, sei que ainda é cedo, e agora agradeço a força que me trouxe a chuva e o desejo que me trouxe o vento... desejo de ser feliz e de ser livre. De poder cantar, sorrir e apreciar a beleza dos meus jasmins que ganhei de ti, e que perfumam a minha vida que de agora em diante será bela e doce, como eu
        ...Não deixarei de ser fiel a mim mesma, ao verdadeiro jardim de jasmineiros, aquele que trago dentro do meu peito, do meu ser! Que importa a grande casa e o jardim exterior! Jamais me casarei com um homem que não amo, e que talvez nem me ame verdadeiramente, ou não me ame como eu preciso! - Ajoelhada, ergueu a face para o céu, sorrindo de olhos fechados e abrindo os braços, a receber a chuva miúda que começara a cair. As nuvens faziam uma manta irregular que deixava passar raios de sol. Deus presenteou-a com um arco-íris.
        ... ao abrir os olhos, podia comtemplar as lindas cores do arco-íris, e bem sabia que era um sinal, uma certeza de que asiim pode ser a vida, bela, colorida, cheia de alegrias e surprezas, assim como o arco-íris suge depois do temporal , assim surgirá um grande e verdadeiro amor, e que assim poderá conhecer a eterna felicidade, pois o amor não precisa de riquezas, apenas de um alimento chamado carinho. O amor precisa unicamente ser regrado com pequenas coisas como simplicidade, simceridade, lealdade e assim ser eterno o quanto dure e se possível que dure para sempre... Assim ela aprendeu a encarar a vida de uma forma mais leve, aprendeu a nunca se trair e a lutar bravamente sem deixar nunca que as cores se apaguem... aprendeu que depois da tempestade sempre vem a bonança e que
         não importa em quantos pedaços partiram o seu coração, a vida não pára pra que vc possa consertá-lo...
        Passou as mãos pelo rosto, ainda húmido da chuva, acariciando-o, como se perdoando a si mesma da dúvida que tivera.
         Entrou na casa de seu pai, com um passo agora seguro; No átrio, pegou no telefone e marcou o número. Do lado de lá a voz feminina, já madura, com uma força contida, e também uma simpatia calculada: - O Senhor Engenheiro atende já! - Agora era a voz dele (podem as vozes ser gordas? A dele era). - Menina Bianca, como passou!? - Simulava surpresa e afabilidade. - Tudo nos separa! - Pensou ela. Marcou então o encontro para a tarde, no mesmo jardim de jasmineiros onde o arco-íris lhe aparecera.
         Veio à porta, comtemplou o horizonte, para lá dos jasmineiros, inspirando profundamente o ar lavado. Tranquila, permitiu-se sorrir.
        Bianca pensava:
         Meu Deus vou ter que aguentar esse velho nojento, Acho que preciso pensar de uma maneira pratica.. Os jasmineiros estao morrendo e so com o dinheior dele posso salvar as flores.
         Nao sei se consigo perder minha virgindade com uma pessoa assim, “ Meu Deus me ajude” .. Ja nao tenho dinheiro para pagar as dividas, talvez tenha que vender as fazendas que papai deixou.
         De repente veio a mente de bianca a lembraba de um velho amigo que morava na Italia.
         Pegou o telefone para ligar e percebeu que a linha ja estava cortada por falta de pagamento.
        
        Teve então uma idéia.Correu para o banheiro e tirou a roupa.De dentro de uma gaveta puxou um barbeador.Sentou-se no vaso,abriu as pernas e ,enquanto chorava,passou a se depilar,tirando os pêlos que lhe acompanhavam hà bastante tempo,pêlos que já foram lambidos por dezenas de homens,pêlos que foram gozados,puxados,acariciados.Quando terminou,sentia-se melhor.Não sabia o por quê daquilo.Não sabia por quê tivera a vontade de fazer aquilo à aquela hora.Sabia ,entretanto,que era assim.E que todas as outras pessoas,lá no fundo,nas entranhas da alma,eram como ela.
        Assim, com o corpo liso, depilado e nú, saiu correndo - como uma criança - em direção ao seu jardim de jasmim, ajoelhou-se e começou a rolar algumas petalas por seu corpo, começou a a sentir uma volúpia em seu corpo, sentiu um imenso calor, e queria naquela hora libertar-se, de ter prazer, foi quando sentiu um toque em sua pele, em forma de carícia, justamente na tatuagem que tinha em seu lindo pescoço. Deparou-se com uma amiga sua, que muito tempo não se falavam, e, inesperadamente sentiu um beijo em sua face, e em seguida a puxou para seu corpo e diante de suas fiéis flores de jasmim, teve o ápice de um prazer: um gozo.
        Tendo apenas os jasmins como testemunhas naquele vasto campo perfumado que se confundia com o cheiro de sua pele, ainda úmida e com os negros cabelos de Amanda encrustados nela. Foi quando a olhou nos olhos e percebeu que ela, a amada Amanda, foi a única que sempre se importou com ela, mesmo distante. Beijou-a mais uma vez, com um soluço de dor e prazer, como se fosse a última vez; e realmente era....
        ....E realmente era a última vez.Mas foi uma última vez daquelas.ô,se foi.
(chinaski)
        O que Bianca não percebera era que os jasmins, aquelas flores de pétalas tão perfumadas e delicadas, além de servirem como adorno e aromatizante, serviam como última bela visão de um caixão, que se vai, enterrado, a sete palmos de terra. A vida toda passara com a morte por perto, perdera os pais muito cedo, crscera sozinha, e agora, estava mais só do que nunca... os jasmins a acompanhavam por alguns instantes, que pelo perfume que qualquer estranho que passasse sentiria, pensaria imediatamente que um moribundo ali jazia.
         Morta, MORTA! Bianca não podia aceitar o que acontecera com a pessoa que mais amava no mundo, Amanda era sua amiga, a única que podia entendê-la. Isso foi uma espécie de soco em Bianca, sentia que um riso espalhafatoso irrompia de suas entranhas. Ria, mas não sabia o porquê. Por um instante, ficou estática, inerte, fora do ar. O que estaeria fazendo alí? Logo se lembrou de sua amada e dos doces momentos que paasou com ela. Bianca amava carnalmente Amanda, e esta respondia este sentimento, pois o mesmo ocorria com ela. Agora, estava só, sem ninguém. Mas tinha o consolo do aroma dos jasmins , que sempre a farão recordar de seu grande amor. Amanda ainda estava viva, em seu coração...
        Enquanto fazia o bem-me-quer desejava que seu bem também a quisesse. Pequena menina, grande ilusão! Nuvens negras de mal-me quer cobriram seus olhos quando Ele chegou de braços dados com outra garota.
         As flores murcharam, as brincadeiras não tiveram graça e o caminho de Bianca ficou inodoro.
         A vida não é brincadeira, nem tem perfume de jasmim os sentimentos.
         Bianca, assim, acordou para o mundo e se trancou num convento onde cultivava lindas margaridas, sem perfume...
        Todos os dias a mesma irmã sizuda a acordava de manhã, tocando a pequena sineta junto à porta do quarto. O quarto era pequeno e ao fundo do mesmo encontrava-se um lavatório onde Bianca lavava seu rosto. Bianca esperava sempre pelos domingos, quando todas as irmãs do convento tinham direito a um banho geral, um banho de corpo inteiro. Nessas alturas Bianca recordava quando se banhava nas águas do riacho que corria perto da sua casa e dos jasmins. Jasmins...como era pobre aquele quarto sem um jasmim, um que fosse. A cada dia que passava Bianca sentia cada vez mais saudades do tempo em que era criança, brincando com o sol e com a chuva,cantarolando. Lembrava-se de Amanda e dos seus desejos carnais. Era obrigada a reprimir-se todos os dias por isso. A entrega, a devoção a Deus fizeram com que todos os dias se sacrificasse no seu próprio quarto. Com a aresta fina do vidro da moldura (onde guardava religiosamente a fotografia do seu pai) cortava os seus pulsos. Hoje um corte sublime, amanhã outro. Bianca não desejava desfalecer, queria sofrer, entregar-se como Jesus Cristo. Nenhuma das irmãs sabia deste segredo e Bianca, com um gesto de monge, escondia as suas mãos e pulsos nas mangas largas do seu hábito.
         Hoje era o primeiro dia da semana, segunda-feira. Encontrava-se na sala das refeições. Todas a olhavam de modo estranho. Bianca sentia-se suspeita. A madre superior ergue-se na direcção de Bianca com a impavidez habitual do seu rosto, põe a mão no seu ombro e diz-lhe:
         - Irmã, levamtai-vos e segui-me.
         Bianca acatou e levantou-se de sua cadeira. As companheiras, fingiam comer, mas olhavam cabisbaixas, de soslaio, para Bianca.
         Bianca não percebia o que lhe estava a acontecer...
(Led)
        A madre superior, acima dos cinqüenta anos, séria, olhar voraz, feições pesadas, sentou- se. E Bianca, anjelical, tinha em seu olhar, um misto de ternura e dor, cabelos no passado longos, mas agora curtos. As duas estavam frente a frente. A jovem esperava ser repreendida com rgidez e empáfia, mas não foi o que aconteceu.
         _O que tá acontecendo minha filha? Você tá angustiada, triste...aqui todas nós encontramos a paz, e me parece que você ainda não encontrou. Por que?
         Bianca não respondeu, não queria falar, preferiu naquele momento calar a voz do coração, temia que aquela velha mulher não a compreendesse, ou até sim, mas a recriminasse, ela só chorou, como uma criança, queria colo, amor, carinho. A madre superior, fria, não sabia dar afeto, embora quisesse.
        
         As outras irmãs na mesa, comiam e comentavam curiosas.
         Bianca baixou a cabeça e a madre a esperava dizer algo, mas ela apenas ergueu os olhos azuis, cheios de lágrimas e não levantou a cabeça, a madre ficou com medo, fez de tudo para não demostrar. A respiração de Bianca era ofegante, seu olhar estranho, ameaçador, parecia estar possuída, era uma imagem horrível par madre, embora Bianca fosse bela.
         _Se não quiser se abrir, não precisa. Pelo menos procure ficar com uma cara boa! Se preferir se abrir com outra pessoa que não seja eu, fique à vontade!
         A madre sorriu, um sorriso franco, se levantou imaginando que aquela jovem, fechada como uma ostra, não quisesse dar uma palavra sequer. A moça baixou os olhos.
         _Eu perdi meu grande amor!
         A madre se sentou novamente.
         _Grande amor?
         _É, meu grande amor!
         A velha mulher sorriu novamente, achou até graça, não era sadismo, mas o motivo parecia ser banal demais para fazer alguém sofrer tanto, soltou até uma leve gargalhada.
         _Minha filha, isso acontece mesmo, com qualquer um, sõa coisas da vida! Arruma-se um namorada, depois o casal briga, se separa, volta, depois separa de novo, arruma-se outro...faz parte da vida! Você não deve sofrer por causa disso, se estar sofrendo, desvie seus pensamentos para outras coisas!
         Bianca levantou a cabeça e olhou dentro dos olhos da madre.
         _Meu grande amor morreu...
         _Eu sinto muito!
         _Vai fazer um ano...
         _A morte faz parte da vida meu bem! Ejá tem tempo, você já devia ter superado!
         Bianca se atirou no colo da madre, era como se fosse uma mãe, a madre, por sua vez, não sabia o,que fazer, não estava acostumada a receber afeto, tudo que conseguiu fazer foi dar uns leves tapinhas na cabeça da moça, como se estivesse consolando uma criança que estivesse ficado sem o pirutito. Ficaram daquele modo durante vinte minutos, depois se levantaram, iam sair, quando a madre abriu a porta, se deparou com as outras irmãs com tentando ouvir a conversa, tentaram disfarçar, mas não adiantou.
         _Então estavam ouvindo a nossa conversa meninas? _Repreendeu a madre!
         _Imagina! Estávamos só ...
        
        
        _Só ouvindo a conversa! _Continuou a madre irritada.
         As freiras, puco a pouco iam se retirando constrangidas. Bianca foi para o jardim do convento contemplar as flores, eram tantas que ela até se perdia no meio dela. A imagem de mansidão e beleza ipnotizava, fascinava a jovem freira, aquilo a fazia se lembrar de aeu grande amor, Amanda. As duas jovens, meninas haviam se amado pela primeira e única vez num jardim, tendo apenas bela flores como testemunha, não tinham nem vinte anos ainda.
         O vento soprava e fazia frio, as o habito não permitia que o porpo de Bianca tremesse, a única coisa que tremia era aquela doce e pura lembrança. A jovem em prantos, ajoelhou-se, acariciava as flores, uma por uma deixando as lágrimas rolarem em seu rosto. De repente alguém tocou sua nuca por debaixo do véu que cobria a cabeça, bem na tatuagem, Bianca sentiu um arrepio, era ela, era como ela fazia, fechou ao olhos e engoliu em seco.
         _Deixa eu ver!
         Bianca olhou para trás, era Mércia, outra freira, com trinta anos, estaura média, magra, morena, séria, um poco estranha, muito introvertida e sem nenhum espírito esportivo, era uma surpresa justo ela perguntar aquilo, sendo as duas, ha aquele tempo todo, não haviam trocado, uma só palvra a não ser "Boa Tarde!", "Boa Noite!". Bianca se levantou, descobriu a cabeça e mostrou a tatuagem, era um beija-flor. Mércia tinha receio em tocar as pessoas e evitou de tocar na tatuagem, uma vez já era o suficiente.
         _É bonito!
         _Eu tenho ela desde os doze.
         Mércia riu.
         _Mas é proibido!
         _Quem fez foi meu primo, ás escondidas, me quebrou um galhão, não me cobrou nada!
         _Mudando de assunto, o que a madre disse pra te fazer chorar? Sem quere ser indiscreta!
         _Não é por causa dela, é pos causa de mim.
         _De você?
         _Sinto muitas saudades de uma pessoas que já não está mais entre nós.
         _Eu sei como é.
         Vez ou outra as duas ficava sem assunto, apenas contemplando a paisagem.
         No dia seguinte, Mércia e Bianca saíram do convento, iam visitar o avô de Mércia que estava a beira da morte, era um homem centenário. Bianca havia sido autorizada a acompnhar Mércia , para que não fosse sozinha. As estavam na rodoviária a espera do ônibus e Bianca viu Pedro novamente, já haviam se falado, rapaz alto, esbelto, pele morena , simples, risonho, cabelos escuros, lisos, lembravam um pele- vermelha. Não hesitou em dirigir a palavra com o motorista de ônibus.
         _E aí, trabalhando muito?
         _Bastante. _Respondeu ele sorridente.
         _Me lembrei de você hoje de manhã.
         _...e veio me ver._Brincou o rapaz.
         _Pedro, o que a Mércia vai pensar?
         Mércia apenas sorriu, com uma certa inveja. Por que aquele rapaz pareci tão interressado nela?
         _Se você não fosse freira... _Continuou ele.
         _ O que você faria se eu não fosse freira?
         _se eu disser a mérci vai ficar constrangida.
         Bianca riu, gostou da cantada, Mércia ficou ainda mais enfurecida.
         _Bianca, o ônibus! _Chamou ela.
         _Já estou indo.
         mércia foi nafrente deixando os dois para trás.
         _Num pedacinho de papel Bianca deu o endereço do convento para Pedro e ele guardou no bolso da calça.
         _Pode me esperar! _Garantiu o rapaz.
         Bianca sequer tocou no rapaz, apena fez jesto de tchau com a mão e entrou no ônibus junto com Mércia, ele ia para Porto Alegre.
        
        
        
        
        
         A Viagem foi longa e as duas chegaram cansadas ao destino, viram aquele homem velho, matusalém, na cama, magro, doente, Mércia chorou ao ver aquela cena, Bianca pôde perceber o quanto aquele velho homem era importante para ela. Mércia deu um beijo no rosto do avô. Ele ia ser levado do asilo para o hospital, antes de isso acontecer as duas foram embora, Bianca consolou Mércia, percebeu sua dor, sabia que aquele beijo podia ser o último. As dua foram para a casa dos pais de Mércia.
         Era uma casa velha, com ar de abandonada, paracia erma, vazia.
         _É aqui que seus pais moram?
         _É.
         O portão era pequeno e enferrujado, fechado a cadeado, logo ao entrar, haviam três degraus que levavam a porta da sala, fechada de madeira escura, fosca e com detalhes nas laterais. As paredes baixas em volta da casa, estavam forradas de musgos e manchadas de mofo, assim como a fachada da casa. Nos degraus da frente, haviam folhas secas de árvores, como se aquele lugar não tivesse sido varrido a vários dias. Atrás da casa podía-se ver as imensas árvores que quase cobriam-na. Os telhados eram velhos e alguns estavam quebrados. Aquela casa causou uma sensação estranha em Bianca, parecia que ao entrar ela iria encontrar algo pior do que o que ela estava vendo.
         Mércia tocou a campainha, ninguém atendeu, Bianca torcia para que não tivesse ninguém em casa. As duas esperavam alguém atender, olhavam para os lados. Naquela rua, erma, quase não passavam carros, nem pessoas. As outras casas da rua eram velhas, pardieiros. Ventava, fazia frio, as duas freiras se encolhiam. Mércia tocou a campainha novamente. Bianca observava as árvores atrás da casa, imensas, malcuidadas, parecia que algo sairia do meio delas, aquilo tudo lhe causava medo. Lembrou-se dos jasmins, como eram doces seus perfumes, suaves como um bebê de colo. Amanda era doce, cheirosa, cheiro de mulher, pele macia. Agora, no estado que estava, não cheirava tão bem, seu corpo que era quente, agora estava frio, sem vida. Ela só tinha dezessete anos. Bianca embora fosse jovem, sentia o peso da idade, parecia que havia envelhecido mil anos. Perdera o pai. Sua mãe? Não sabia quem era. Irmãos? não tinha. Sentia que a vida lhe havia roubado a juventude. Seus dezoito anos pesavam como um fardo quase insuportável de se carregar. Mércia tocou novamente a campainha.
         _Acho que não tem ninguém em casa. _Disse Bianca, ávida para se ir.
         Alguém abre a porta, lentamente. Das dobradiças surgia um ruído agudo, dissonante, quase insuportável. Uma fresta se abriu, tudo que se podia ver através da porta semi-aberta era o brêu, de repente sai uma menina, simplória, de pele morena clara, maltrapilha, cabelos longos, ondulados, maltratados, calçava um chinelo velho. tinha olhar de pedinte, mas eles não pediam comida, parecia que isso não lhe faltava, eles pediam por outra coisa. Jasmins? Não eram. Ela não dava valor. Tinha uns doze anos. Os olhos de Mércia se encheram de lágrimas ao ver aquela menina.
         _Raquel, abre o portão pra gente! _Pediu encarecidamente.
         Raquel desceu e abriu o portão para as freiras. As lágrimas rolaram na face de Mércia, acariciou o rosto da menina que parecia fria e indagativa. Bianca apenas via a cena acontecer.
         _Raquel, você lembra de mim?
         A menina apertou os olhos levemente procurando uma lembrança.
         _Mais ou menos. Eu acho que já vi sua foto, mas não tenho certeza se você e ela são a mesma pessoa.
         _Você está quase do meu tamanho. _Brincou Mércia sorrindo, emocionada.
         Raquel por sua vez, permaneceu fria e irredutível.
         _Quem é você?
         _Eu sou a sua mãe. Sou eu nas fotos, só que só existem fotos minhas até os dezessete anos, hoje eu tenho trinta! Quando a gente se separou você só tinha um aninho, depois nunca mais nos vimos, só agora nos reencontramos.
         Raquel não sorriu, com os olhos condenava a mãe pelo abandono.
         _Entrem vocês! _Pediu a garota.
         As duas seguiram em frente, subiam os degraus e entravam enquanto Raquel trancava o portão.
         A sala estava na penumbra, móveis velhos, obsoletos, o medo de Bianca aumentava cada vez mais. Raquel entrou atrás delas.
         _Você está sozinha em casa? _Perguntou Mércia.
         _ Não, o vovô e a vovó estão dormindo.
         Mércia se decepcionou com a reação de Raquel ao vê-la, esperava entusiasmo da filha.
         _Você não está feliz em me ver? _Indagou ela a menina.
         _Mas você é uma pessoa estranha pra mim, me abandonou. Agora onze anos depois você aparece dizendo que é minha mãe. Eu não te conheço!
         _Me perdoa Raquel!
         _Minha vó é minha mãe de verdade.
         Mércia percebeu que havia perdido a filha para sempre. Por mais que as duas viessem a ser amigas no futuro, nunca seria a mesma coisa.
        
        
        
        
         Bianca se lembrou de sua infância, era como Raquel, não tinha mãe, nem a conhecia. Será que ela faria algum dia o que Mércia estava fazendo com sua filha?
         _A gente pode se conhecer, tornarmos boas amigas. _Sugeriu Mércia.
         Raquel sorriu, aceitou a proposta, mas queria deixar bem claro que não passaria de uma amizade.
         _Podemos sim ser amigas, mas não espere que eu te chame de mãe de uma hora para outra.
         _Tudo bem.
         Mércia percebeu a revolta da filha por ter sido abandonada, havia protelado aquele encontro por vários anos, por pura covardia.
         Descia pelas escadas na sala que levavam até o segundo andar onde haviam mais um banheiro, uma pequena sala e os dois quartos da casa, uma senhora de uns cinqüenta anos, esbelta, estatura média, simplória, cabelos muito cumpridos, maltratados, usava uma camisola branca, velha, manchada, comida por traças, longas até os pés, tinha pele morena, feições finas, olhar triste.
         _Mãe! _Disse Mércia.
         A mulher sorriu, desceu e abraçou a filha, seus olho se encheram de lágrimas. Raquel chorava, sentia ainda mais o abandono. Bianca percebeu o quanto era estranha aquela família.
         _Filha, continue servindo a Deus! _Recomendou a mãe orgulhosa.
         _Eu farei isso!
         A mulher olhou para Bianca.
         _É sua amiga?
         _É sim mãe.
         Bianca sorriu, depois olhou para Raquel que também sorriu para ela.
         _E o papai?
         _Está dormindo. Vamos tomar um café da tarde! _Convidou.
         _Esqueci de apresentar, Raquel, mãe, essa á a Bianca!
         As duas cumprimentaram a freira com um sorriso.
         As quatro se sentaram à mesa para ceiarem, Mércia contava como havia sido no asilo, seu avô era pai de sua mãe, ela por sua vez, já esperava por sua morte. Bianca se sentia mal naquela casa em companhia daquelas pessoas, tampouco queria conhecer o pai de Mércia, preferia que ele continuasse dormindo até elas irem embora.
         As três, mãe, filha e neta não tinham assunto, ficavam no silêncio. as vezes Mércia falava algo do convênto, mas Raquel não parecia muito interessada em saber.
         Era noite, Mércia e bianca deixavam a casa iam para a rodoviária pegar o ônibus de volta para a cidade de onde saíram e finalmente retornarem ao convento. O vento soprava e o frio consumia, caminhavam para o ponto de táxi, andavam, não estava longe, já podiam ver as fileiras de táxis, escolheram um e entraram, foram até a rodoviária sem dar nenhuma palavra. Entraram no ônibus e seguiram viagem, Mércia estava triste, chorava, não queria conversa, Bianca apena a via sofrer, sentia também uma tristeza iincomensurável, num ímpeto, deu um beijo no rosto de Mércia, ela , deitou a cabeça no ombro de Bianca.
         Durante a viagem, Bianca contemplava o verde ao lado da estrada. Como era linda aquela vista! O verde! A vista! Ela viajava em pensamentos enquanto Mércia dormia como um bebê.
         Bianca pensava em amor, em sexo, em Pedro, o motorista de ônibus, o segundo a despertar seus mais selvagens e íntimos desejos, um homem e uma mulher, dois corpos nus, unidos num só propósito, num só desejo, da carne, do coração. Aquilo misturado ao amor virava uma coisa linda! Os seios de bianca careciam das mãos de Pedro, quem ainda espereva encontrar e amar, como um animal selvagem! Aquilo sim era viver! Consou de viajar em devaneios, dormiu.
        
        Lá longe os amigos esperam pela brincadeira. É melhor ir, não adiar...mas ir devagar, perfumando o caminho, devagarinho, pensando na tristeza, na alegria, no dia a dia. Se existe amor, coragem para dar, para oferecer, para equilibar os momentos da felicidade. Tudo isto Bianca pensava. O perfume do jasmim era cada vez mais intenso e Bianca sonhava
        FIM!!!
        ...Era incrivel como aquele perfume contribuia para os sonhos de Bianca...
         Equilibrar os momentos da felicidade, essa que é tao fugaz...
        Porque de manhã, antes de sair de casa, você não pode saber o que vai viver ou vivenciar no dia que está começando. entretanto você pode saber que o que verá e viverá será percebido como um evento no tempo e no espaço. Além disso o perfume do jasmim a fazia recordar-se...
         Sim...Ela queria sentir suas mãos gélidas e seu perfume de Jasmim...
        que soltou 1 enorme pum.
         Não não... aquilo não era 1 pum !!! era apenas o rangir da potrona que jas adormecia ; com o susto a bela Bianca acorda e....
        ..Levanta - se daquela poltrona fétida e carcumida ( diferentemente do aroma do jasmim) mas não sabe o que fazer, sua mente fica tentando ajudar só que o seu coração anula quaisquer pensamento.
         Com um suspiro e a ajuda do semblante ela segue um coelho que acabara de pegar seu jasmim e seus sonhos...
        Era um coelho branco com imensos olhos vermelhos, ariscos vasculhavam tudo ao seu redor. Gostava de descansar perto da árvore perfumada, carregada de jasmins do cabo. Essa árvore fora plantada por sua vó anos antes, quando ela era ainda bem pequena. Cada primavera era única, o jasmineiro florescia e seu perfume expandia-se no ar encantando as pessoas que por ali passavam. Bianca atravessava o período mais crítico de sua vida, uma mistura de sentimentos contraditórios, era certo, presisava colocar as idéias em ordem. Queria entender o amor, não deixá-lo entregue á própria sorte.
         Lembrou-se da estória do Pequeno Príncipe, uma inocente rosa cultivada com ternura á beira do abandono dizendo desesperada:
         - você é responsável por aquilo que cativas.
         -se me cativaste, como podes me abandonar?
         Era seu amor pedindo uma chance, afinal o amor verdadeiro nunca deixa de ser amor.
         Quem sabe agora mais amadurecidos, Bianca e seu namorado aprendessem a lição, não se brinca com o amor. A primavera ainda não acabou, é tempo de amar, de espalhar felicidade e de oferecer jasmins.
         Bianca acordou, seu sonho foi interrompido abruptamente, olhou para Mércia, para seus cabelos curtos de freira, seu rosto cansado, sofrido. sorriu. O ônibus chegou ao destino, Bianca acordou Mércia e as duas descerem.
        A rua estava fria. O vento espalhava-se sem direção certa, Bianca e Mércia apressaram o passo, perto dali, na beira da calçada uma mulher vendia jasmins. Bianca
         estremeceu, jasmins, sempre jasmins, ultimamente eles estavam em todos os lugares até nos seus sonhos. Isto tinha que significar alguma coisa
         precisava descobrir o que era. O frio arrepiava seu corpo, sentiu os seios entumecidos, lembrou-se de Pedro, desejou Pedro de repente, Mércia falava em vão, enquanto Bianca sonhava acordada com a possibilidade do amor.
        .
        Coincidências não existem. Não naquele seu mundo tão cheio de eternas buscas. Os jasmins inseperados troxeram a lembrança e o desejo por Pedro. O odor do jasmim era como parte de todos os cenários da sua história com ele, aquele amigo talvez perdido para sempre, e aquele homem guardado dentro das suas frustrações. O cheiro do jasmim estava impregnado de lembranças doces e melancólicas. A medida que vai sentindo o cheiro do jasmim adentrando seu olfato, sente por dentro de todo o resto do seu corpo a presença volátil de Pedro. A não entrega total de Pedro.A sua individualidade tão ferrenha o levando a cerca rseu coração com cercas vivas, que o protegiam da vulnerabilidade da entrega. Pedro agia de acordo com suas fraquezas. E isso o levava a mentir, a entender apenas as suas meias verdades, num egoísmo que lhe dava um certo ar austero e inatingível. Ainda assim, Bianca o havia tomado de súbito, quebrara um pouco aquelas defesas, chegara muito perto de desvendar os temores e os pequenos crimes secretos tão bem guardados dentro daquele coração, que apesar de frio, era doce e sedutor como o cherio do jasmim. A textura suave das petálas espalhadas sobre a pele úmida de prazer... Aquela pele do Pedro expondo para o mundo uma masculinidade suave, ainda brotando em tom de sedução.
         Bianca de olhos fechados, perdida dentro do passado aspirava o cheiro do jasmim e se entregava deliciada àquela forma de contato com Pedro. Aquele retornar ao ponto exato da sedução que desencandeou todo um processo de paixão que de platônica revelou-se em verbo, e ela não soube, não pode, e não quis calar... Agora tentava reparar - sem si mesma - algumas sequelas.
         Voltou ao mundo presente com uma pergunta que a princípio pareciam palavras soltas e desconexas, foi voltando aos poucos o olhar e os ouvidos na direção de Mércia que dizia... O que mesmo?
        E depois que desci à Mansão dos Mortos, percebi um leve odor de Jasmim, aquilo me sufocava, a minha bilis, amarga como o fél vazava e escorria transbordante pelos meus lábios. Odeio o cheiro de JASMIM é a coisa mais pavorosa e horrenda em termos de odores, só se compara ao cheiro nauseabundo de um cadáver em decomposição, naquela fase em que parece um sabão se dissolvendo, ARGHI!!
        ARGH???? Como pude ser tão cruel com tal verdadeiro sentimento que desejava se manifestar no meu mais intimo eu.
         Nossa! Cheguei a pensar que não conseguiria apreciar tanta delicadeza na beleza de uma simples, porém complexa no seu infinito de prazeres que esta fragrância proporciona.
         Jasmim... calmaria por sua sonoridade abrangente, leve por sua descrição venerada, marcante, por sua fusão de emoções e maravilhosa por sua eternidade marcada.
        
        Impossivel passar despercebida minha tamanha indecisão, minha destreza para ser tão dual, tão distraído...
         quando os sentimentos me buscam, eu posso fugir de sentir o gosto, de sentir o cheiro mas nao de tardar tocar em minha pele, a macia pele do jasmim, sua cor suculenta e sua textura tão descrivada...quão repetitivo, inovador, surpreso, arrebatador pode se tornar um pedaço de flor...
        E o Caixão dela aspergia Jasmim pelas laterais. Logo acima do tampo pairava uma núvem côr de chumbo com cheiro de enxofre e podridão de túmulos semi abertos...um nojo horripilante passou pela minha espinha quando um verme saiu do ouvido do defunto à minha frente... Jasmim! as laterais do caixão aspergia Jasmim, acima uma nuvem cor de chumbo...
        Porque Amanda tinha sempre que retornar às lembranças? Será que nunca mais conseguiria separar o perfume do jasmim daquela cena funesta? Porque não conseguia se lembrar de seus cabelos suados junto aos seus, no mar de jasmins de seu antigo jardim? Oh, que bálsamo, um pouco de carinho naquela solidão campônia... o convívio com a natureza atilava seu lado selvagem. Então, porque era justamente a lembrança do cortejo fúnubre de amanda que predominava?
        
         Porque aquele tempo se fora. Agora são apenas pedaços pútridos de lembrança, como um cadáver em decomposição.
        
         Lembrou-se da primeira vez que raspara seus pêlos pubianos, logo mais a Amanda estava lá, como num sonho, para lembrá-la do prazer. Ela, que escapara devido à sua força de vontade de um casamento forçado pelo dinheiro, que amara uma mulher como jamais concebera ser possível entre pessoas do mesmo sexo, via-se agora refém de seu medo do Universo masculino transformado em máscara de beatitude. Ela sempre os desejara! Toda sua adolescência fora marcada pelo sol despontando na ponta mais longínqua do jardim e por sua espera de um príncipe encantado. A TV passava coisas tão lindas sobre as metrópoles, só podia estar lá o amor. E então, entre o desespero... Amanda!
         Amanda bem sabia que iria morrer logo, ela devia ter desconfiado quando olhou melhor o corpo macilento da amiga. "Uma surpresa de visita" dissera Amanda, alegre, mas era mentira que estava alegre, riso forçado.
         Ela viera da cidade grande. Ela conhecia a fábrica de príncipes e contava a ela sobre eles. Bianca ouvia embevecida. Ás vezes faziam amor falando dos homens que conheceriam juntas.
        
         Ou será que estivera tanto tempo naquele convento apenas para ter onde dormir e o que comer?
         Bem, ali ela conseguia manter-se longe das tentações. Ela se via longe do cigarro, por exemplo. Ela se via longe do crime.
         Por que Amanda quis tanto beijar esse Pedro aí?
        
         E agora ela se derrete pelo mesmo membro.
        
         Ela havia matado por causa dele. Não fazia sentido cair em seus braços. Ela era uma serva de Deus, e ele, o demônio que a levou ao crime.
         Mas é que ele não sabia! Não sabia de Bianca.
        
         Foi muita coincidência mesmo ele ter se mudado para esta cidadezinha onde encontra o convento. Um sinal desses, ninguém deixa passar.
         Será que este aí é capaz de amar? E pensou no bilhete que entregara queimando no bolso de Pedro.
         E se um dia ele soubesse da Amanda? Ele a perdoria?
        
         Mas já pensando em amor sem nem saber se ele viria vê-la secretamente no convento, quando voltasse.
         O jasmim agora era uma mistura de sonho fúnebre com o calor das virilhas de Bianca.
        
         Começou uma Ave_Maria, depois um pai nosso. Puxou de um terço e Mércia sorriu sastifeita, acreditando que a noviça estava redimindo-se com Deus.
         Por dentro Bianca procurava afastar dos olhos muitos pássaros destripados de sua infância.
         " A Igreja me afasta do mal. Pessoas são maiores que meros pássaros. Senhor, abençoai estes olhos, para que escapem do julgo do demônio."
        
         Caiu novamente em sono profundo. De sonhos, apenas um caldo púrpura a se misturar com falos gigantes.
        Neste momento único, Biancatoma consciência de que está sonhando... navega num mar purpúreo; os falos tornaram-se bolhas: bolhas que ela pode adentrar... cada uma delas contendo uma daquelas situações de seu passado.
(Juc Ven)
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