ZUMBI TU, ZUMBI VOCÊ
Angústia depravada, culpada de sangue derramado,
Não pelas mãos, mas pela ingerência exacerbada
De um controle manipulador e desesperado,
Daquela ideia fixa acabrestada, que imprime viseiras toscas
Num que já é cego de nascença, obliterado, autista tapado,
Por um temor inexplicável, terror interminável de sombras foscas,
Ao leu, desgovernado, ao bel prazer do mal passado,
Sem esperança de ancorar, pois os cais seriam um caos,
Sombrio e frio, sem vida, ou até mesmo sem sopro já respirado.
Tudo caiu, ruiu, sumiu, desintegrou-se nas mandíbulas dos maus.
Qualquer sentimento, até inexpressivo, já não existe mais.
Intuir ou ter instinto jaz tão atrás que se lançam às naus
Em oceanos vazios, indistintos, entremeados de corais
Traiçoeiros, recifes assassinos, à espreita dos incautos
Que vagam sem volta ou destinos, para as trevas abissais,
Sem saberem que tão perto, talvez até dentro deles,
A bússula, a luz, o mapa, o som das trombetas dos arautos,
Ressoava tão alto, brilhava tanto, que não se notava mais.
Foi uma pena, perto do longe, fácil tão difícil, simples porém duro.
Querer pensar sem meditar, reinventar a roda para viver,
Se entregar às trevas para ver, foi o erro único e puro,
Deles, aqueles que, de antemão, foram destinados a morrer.
(André Albuquerque)
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