FALAR OU NÃO OUVIR

Ela veio enquanto eu ia e parou de mansinho,
De algum lugar em meu ombro, pulou em meu ouvido.
Sem pedir ou se impor, entrou em meu caminho.
Palavra torpe, xingamento dorido, fedido,
Duvido ter nascido em meu pensamento.

Pareceu-me o reflexo de uma briga,
Uma rixa antiga que em algum momento,
Dentro de mim, nas entranhas, essa intriga
Despertou um ódio e até um juramento.
Jamais me deixarei novamente entreter.

Quando penso no que não fiz na hora H,
Em que a tal palavra, dardo inflamado veio a ser
Uma avalanche de desculpas, obra má,
Tomando conta do meu dia, meu não viver;
Decidi sem me arrepender, voltar ao teu ninho.

(André Albuquerque)