Tantos protestos
Protestam insignes poetas e intelectuais
Contra intromissões e domínios alienígenas
Que quais vampiros sugam nossos sangues
E se entranham nas ambições de querer mais
Furtando até as tangas dos nossos aborígines
Como parasitas secam nossos mananciais
Protestam simples operários e bóias frias
Aos que comem nossas vacas, nossas jias
Refrescam-se em nossas águas, nossos ares
Levam nossas areias, sugam nossos mares
Delimitam e subestimam nossa inteligência
Ancorados nas indecorosas indulgências
Protestam professores pelo ensino insuficiente
Pela imensa indústria cultural condicionante
Que nos vem desde o ventre da infeliz gestante
A nos manter na educação insipiente, dependente
Trazidas por camaleões entre nós insinuados
Cujo real colorido escondem envergonhados
Protestam os sem terra e também os sem tetos
Gente simples, abandonados, moradores de rua
Políticos honrados, policiais, militares, patriotas
Sempre ludibriados por falsos representantes
Vendilhões que nos consideram insignificantes
Que nos chutam com suas lustrosas botas
Protestam os desnutridos, os doentes, os falidos
Homens de honra que vivem sempre inseguros
Caminhantes perdidos nesse grande escuro
Em tamanha insegurança sempre arrependidos
Por terem em tantos falsos profetas acreditado
E em tantos salvadores da pátria terem confiado
(Adhemar Molon)
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