A Garganta da Serpente

Adriana Fonte

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Amor e Paz

Onde anda paixão intensa, que me fez sonhar?
Em vão recorro à poesia.
Quero tanto que seja meu amante e que saiba sê-lo.
Um amor que fuja de regulamentos!
Um amor que não se troca,
e que ao se tocar arde em si.
Na falta do seu amor,
temo ser alguém que não se dá!
Teria caído no esquecimento, criado muros?
De repente um barulho!
Meu gesto de amor que se espatifa no chão!...
É a falta que se sente do sonho de poder amar!
E no meio desta vida me vejo numa selva.
Não me recordo como entrei,
só me lembro desta solidão estranha.
Estou quase perdendo a esperança.
Minhas pernas apenas me levam para casa...
Os caminhos me confundiram
alternando-se em drama e glória.
Não sei se meu sofrimento o dignifica, distrai, diverte...
Entretanto há quanto tempo peço que tire-me deste inferno!
Ou haverá a um momento onde se ouvirá o Adeus!
E o amor terá sido inútil, os olhos chorarão.
E apenas fazendo seu trabalho baterá o coração.
E com certeza me verei completamente só!
Mas e se ao apagar a luz, vejo seus olhos?
Com certeza não percebe!
Já se esqueceu de sofrer!
Você suporta tudo, menos meu amor por você.
E assim passarão os dias e a vida terá prosseguimento.
Mas nem todos estarão libertos, alguns preferirão morrer!
Queria escrever a vida com letras de paixão.
Mas o tempo ainda é de ilusão.
Com essa minha maneira reticente
espero uma resposta impaciente.
Que seja definitiva, mas que não tarde!
Cansada de solidão nesta vida,
a medida que o tempo encurta,
o que era chama, virou brasa.
Quando não há nada que se dar ou receber.
O amor apenas em si desaba!
Em mim mais que tudo, apenas o acaso repousa.
Tomada minha inocência, deixo de ser,
o que antes me era claro.
Sinto-me tão diversa de mim mesma.
Temo por acabar jogando fora
minhas ideologias tão pessoais.
Tão minhas que se viam,
em cada gesto ou olhar,
através de meu sorriso, meus ideais!...
Tendo cravada em meu peito as cicatrizes da vida,
me ostento assim, não sendo mais eu!...
Melhor seria mudar meu nome!
Ando sem vida, sem motivos,
estáticamente estupefata!
Queria ouvir: eu te amo!
E acreditar que sou amada!
Que repetisse sem cansar, e me reanimasse!
Do contrário evapora-se meu ânimo
queria ser por ti verdadeiramente amada!
Não vivo de outra maneira
que não seja estando apaixonada!
O amor! Saltando do lado racional!
Livre, liberto, incondicional!
Vivo na raiz do poeta!
Amor, corrente que liberta!
No momento que não me diz,
sinto o frio penetrar em minha alma!
E presencio o caos, do amor não amor enfim!
Mas esta época de pessoas partidas,
cansadas de amar!...
Percebo os fatos, mas não te encontro.
Porque te ocultas, quando meu amor te chama?
Calo-me! O que me resta?
Mas talvez ainda haja esperança!
Porém a superficialidade me revolta!
Tenho sentimentos que preciso expressar!
Comprimidos há tanto tempo,
buscando apenas uma brecha!
Já perderam até o sentido...
Mas viam em você um igual!
Porém acabou-se a inocência...
Símbolos se multiplicam
e dissipam as simples palavras.
Porém percebo que nem mesmo a escuridão
elimina a luz que em nós ainda resiste!
Ela brilha, secreta, íntima e calada!
A vejo em seus e meus olhos!
É preciso que continuemos,
que se rasgue o peito
na busca do algo tão sonhado.
Ainda é tempo de viver e sonhar!
Rasgue seus receios!
Algumas histórias resistem ao tempo!
Conheço bem esta estrada, estas luzes, estas águas!
Dê-me sua mão, peça a benção e dê a partida!
Acabe com este silêncio,
sejamos santos no amor e desamor,
prazer, paixão e gozo.
Derrame em mim sua vida,
e deixe-me guiar-te.
Reacenda a brasa em mim
e permita-me incendiar-te.
E se no quarto a luz não acender,
não precisa ter medo,
tomarei conta de tua alma.
Fundirei minha vida a sua
até não te reconheceres mais.
Na última hora da noite,
entre compreensões e canduras.
Verá no íntimo de seu peito que terás um lar!
E já sem o incômodo pensamento do medo escravo.
Confiará em mim tudo que importa,
sem remorso, sem dor!
Terá me restituído a vida e passará a viver mais.
Escutará coisas horríveis do mundo
e não se assustará,
pois terá em mim sua paz!


(Adriana Fonte)


voltar última atualização: 13/02/2005
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