abriste o silêncio e reparamos
a tua mãe a nascer levantando
a cabeça devagar
era difícil
naquele vestido de bolas pretas e brancas
voltar ao areal atlântico, à península
dos desejos sem disciplina
estando o filho a ver
quanto mais o silêncio era fundo
mais percebíamos que não olhasses a tua
mãe
de frente,
gritasses: ó fuga, ó fuga,
que escuna para sair?
e ser nesse choro que ainda mais
a tua ãe nascia
rio, mar: filho, vem,
deixa essa jangada que transporta o equívoco
com roupas de solidão
(Poema do livro "Dá-me Com A Noite")
(Alberto Augusto Miranda)
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