Morna
mais que o silêncio
a pedra,
clausura ao procurante
ninguém está aqui onde me vês!
encarnar o pai, destê-lo
tão mais próxima da boca imaginosa
é a palavra que o mata,
herança
dizer olha o nosso nome de nada
vem ó enluvada erotina
apalpar deus nas fissuras das pedras
como dizente:
chova de áfrica, de muita
nos escravos atados ao vinte,
os negócios, os cavalos do brasil
olha o nosso nome de nada
de onde veio de nada
para onde foi de nada
chova, menino, fica para além,
desta casa foge, na braba
só oiço paulino vieira gemer
aos grossos da possidónia
aos platinados das rampas
aos frutícolas de alcabideche
como um pico que fosse de almeirim
estivesse sem estar na esperança
de abrir o mundo devagar
com a certeza de estar enganado
no dé-di-cé do noivado
do corpo bonito zoando espírito
eu agacho a palavra pra cê passar
acima da semântica como nova
o pai desconsiderou você linda
encaixou em folha de livro sua novela
para exemplo - o nome veio
para foder o nome de onde veio
mãããããããããããããããããeeeeeeeeeeeeeiiiiiinha,
estertora, filha, abre a boca de morrer
como um charco, deixa errar,
só a ponta, mata, sou o antes,
não peças obscuras
sossega
(Poema do livro "Dá-me Com A Noite")
(Alberto Augusto Miranda)
|