A Garganta da Serpente

Alceu Wamosy

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AMOR OBSCURO

Nem uma flor, uma saudade, um verso apenas ficou,
para lembrar a passagem daquela de grandes olhos
leais e tristes mãos serenas, a quem o amor fêz
santa e o sofrimento bela.

E no entanto ela andou, derramando, às mão plenas,
naquele gesto bom, que era somente dela, sôbre o
meu peito, lírios, açucenas, dando ao meu coração
frescuras de capela.

E nada que a recorde! E nada que a recorde!
Nem uma letra só nas urnas da memória...
Na harpa que ando a tanger, nem um simples acorde...
E entre os amôres - pobre amor! - que tenho tido,
esse amor fica assim, longe , humilde, esquecido,
como um sepulcro abandonado... sem história...


(Alceu Wamosy)


voltar última atualização: 06/12/2005
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