AMOR OBSCURO
Nem uma flor, uma saudade, um verso apenas ficou,
para lembrar a passagem daquela de grandes olhos
leais e tristes mãos serenas, a quem o amor fêz
santa e o sofrimento bela.
E no entanto ela andou, derramando, às mão plenas,
naquele gesto bom, que era somente dela, sôbre o
meu peito, lírios, açucenas, dando ao meu coração
frescuras de capela.
E nada que a recorde! E nada que a recorde!
Nem uma letra só nas urnas da memória...
Na harpa que ando a tanger, nem um simples acorde...
E entre os amôres - pobre amor! - que tenho tido,
esse amor fica assim, longe , humilde, esquecido,
como um sepulcro abandonado... sem história...
(Alceu Wamosy)
|