Soneto I
Ah! Tua voz prisioneira em meus beijos de hera...
Tal enlace consagra as mudas melodias;
E, sendo a minha pena as palavras que ouvias,
Nesta doce sentença, a frase me libera.
Dentre os motes ingratos que a vida me dera,
Teus assuntos e agrados jamais elegias;
Sem notares sequer, tuas tortas cortesias
Tornavam meu presente uma infinita espera.
O aconchego dos lábios é o que te proponho:
Libertemos as bocas do açaime de letras
Que o desejo transmutam em pasto medonho!
Porém, não me convenço exclamando o que digo;
Rendido à realidade, entrego o justo sonho
De crer que, no silêncio, ainda está comigo.
(Alex Mattioli)
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