PARADOXO
Tem dias que somos tão rudes
Que a solicitude parece um espinho.
Porém, no momento seguinte,
Somos o requinte da taça e do vinho.
Por vezes estamos amargos
Que um simples afago nos causa arrepio.
Mas, logo somos à doçura,
Que vem da candura do riso infantil.
Tem noites que estamos distantes
Como dois errantes em terras estranhas
Mas, na mesma noite, por vezes,
Somos siameses até as entranhas.
E assim paradoxalmente
Trazemos latente, na alma, segredos.
São nesses momentos fortuitos
Que os nossos intuitos detêm nossos medos.
À noite, sentindo tua falta,
Clamei em voz alta, teu nome, a esmo.
Mas, não obtendo resposta,
Fiz uma proposta cabal, a mim mesmo.
E assim viajei muitas ilhas
Distantes mil milhas por todos os mares,
Também caminhei por mil léguas
Sem jamais dar tréguas aos meus calcanhares.
Jurei repetir a façanha
Sei o perde e ganha da vida é um risco.
Blindado na ânsia de vê-la
Irei às estrelas no meu próprio disco.
(Alfred' Moraes)
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