A FATIA
Talho o tempo com cortes imprecisos.
Fatias escondidas nas mãos de lutas lunares
escorrem como barracos ante a caprichos de deuses.
Cuidados de jardim no trêmulo coração.
E meus olhos tentam beber o troféu, a sobra.
Ao saber do fruto recalcitrante,
surge um olhar desesperado
sobre o quase nada:
havia seqüestrado um instante.
Que, por destino pedinte, mesmo preso,
não se fartou.
Abrigou-se ao grande manancial de absurdos.
Aquele que, pela inação dos dias,
confortamo-nos em compô-lo como passado.
(2007)
(Alfredo Rossetti)
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