A Garganta da Serpente

Almeida Garrett

João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

DESTINO

Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta "Florece!"
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?
Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai!, não mo disse ninguém.

Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino.
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.


(Almeida Garrett)


voltar última atualização: 30/05/2017
14933 visitas desde 01/07/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente