Réu confesso
Tenho que confessar
Dos males, sou o maior
Um assassino diário
Compulsivo e doente
Ainda há pouco matei um inseto por uma emoção barata
Tenho desses rompantes
É tão violento viver
Tem vezes que, por puro capricho, me visto de bonito e vou comer bicho
Vivo de mortes alheias
De toda natureza
Desde a ovelha que se fez de camisa á mulher do próximo distante
Sou assim, sem jeito nem termo
Mato a todo instante
Nada escapa da fúria deste poeta errante
Por amor é que mais cometi crimes
Em nome deste tormento que é amar
Matei a fome, o sono, o desejo
Ingeri drogas mais
Para matar a dor e saudade
Por inadequação social
Já matei o tempo
E matando sempre
Matei o templo
Corpo, alma e sentimento.
(Aluisio Martins)
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