CONSTRUÇÃO
Eu, que sou o teu sono,
Acordo-me na virgindade de afagar
embalo a realidade
Vivo todas as vidas que me encontro na tua busca.
Sou um espaço por preencher, abarrotado de ti
Um lugar por percorrer que almeja o teu toque
Impulso ignorado
Que esta lágrima revele a relatividade de ascender
Escalando os sulcos que dilataram a idade do nascimento
Origem indefinida tão decisivamente cultivada
De que em mim nunca acaba o que acontece
Quatro braços que se atalham adormecidos
Sombra inócua da tua presença insistentemente algemada
Anestesia que não permite a dor
Marioneta sem fios
no desafio do adormecido
Viajante alienada por uma casa afinal não construída
Morte espaçada
Até um dia
Eu que desenharei as nossas paredes
Num chão de pedras preciosas
Que as tuas mãos irão alimentar, uma a uma,
Absoluta incerteza do amanhã!
(Alzira Lima)
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