A Garganta da Serpente

Anacreonte Sordano

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A Noite

Quando a tarde inicia o seu descanso
E o sol já declina no horizonte
Como um manto de sangue atrás do monte
Vai melancólico, sutil e manso.

Até que fujam os seus derradeiros
Feixes de luz de encarnada cor
O dia veste-se com seu langor
E surge a noite dos aventureiros.

A boemia ai se faz presente
E é na fonte fresca do sereno
Que os poetas bebem do veneno
Desta mágica e lúdica serpente.

A embriagues se torna sublimar
É a vinha de todas as loucuras
A ilação da sensações mais puras
Que só os sábios podem desfrutar.

Beber da fonte da inspiração
Tornar o néctar da nostalgia
Absorver o mel da poesia
Que se esparge pela emoção.

A dama negra das vicissitudes
Habita em todos os lupanares
Onde os impuros vão buscar seus pares
Onde não cabe a Deusa das virtudes.

Neste universo onde se respira
O ar pesado da degradação
Onde é implícita a degeneração
E a podridão o homem se atira

O caráter da noite é ser boêmia
E os homens todos a reverenciam
Com a plenitude dos que principiam
No infausto reinado da blasfêmia.

A noite é dada para os denodados
Nela se fundem excitação, torpor
Fazendo o ódio entorpecer de amor
Na ânsia louca dos apaixonados.

Na madrugada todos os bacantes
Atormentados pelo alvorecer
Antes que o dia venha amanhecer
Retornam todos sempre triunfantes.


(Anacreonte Sordano)


voltar última atualização: 24/01/2008
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