A Garganta da Serpente

Ana da Cruz

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SER MINEIRO...

Ser mineiro não é só dizer uai, trem bão, etc e tal,
é ter todo um jeito especial e diferenciado de ser.
É não se meter em cumbuca alheia,
é não dar um passo maior que as pernas,
é não dar ponto sem nó,
é confiar, desconfiando,
é não mostrar o que sabe,
é falar menos e escutar mais,
é chegar antes da hora
para não perder o trem,
é não andar no escuro
para não encontrar o que não se deve.
Mineiro não gosta de conversa mole de enrolador
nem de conversa fiada de quem diz o que não deve.
Mineiro gosta de segredo.
Não gosta de dizer o que faz, nem o que vai fazer,
deixa para revelar quando já está pronto.

Ser mineiro é passar por bobo e ser inteligente.
É se vestir com simplicidade, sendo fazendeiro;
é reclamar dos preços, sendo banqueiro;
é dar desconto para ganhar o freguês.
Mineiro não olha diretamente, tem educação,
espia, fingindo que não presta atenção;
não é de vingança, mas pode esperar o troco;
não estica conversa com estranhos,
mas recebe os amigos como reis;
não troca um pássaro na mão por dois voando,
pois só arrisca quando tem certeza.

Ser mineiro é ter sabedoria, simplicidade, modéstia,
solidariedade, coragem e bravura.
É fazer de um fracasso o princípio de uma vitória,
e da vitória, a humildade do não foi nada demais.
Para mineiro, no amor, dois é bom, três é demais.
O mineiro, se vive no campo,
gosta de ouvir os sons da natureza:
do movimento da água nos rios, do ar nos ventos,
e sentir as mudanças do tempo,
para saber se vai chover ou fazer frio,
gosta também de ouvir o cantar dos pássaros,
o latido do seu cachorro amigo,
o mugir do gado,
o relincho do cavalo companheiro...
e escutar as notícias da cidade
Mineiro que vive na cidade,
não deixa de lado o seu jeito interior,
leva o campo junto consigo.

Ser mineiro é ter sabedoria, simplicidade, modéstia,
solidariedade, coragem e bravura.
É fazer de um fracasso o princípio de uma vitória,
e da vitória, a humildade de um não foi nada demais.
Para bom mineiro, dois é bom, três é demais.

O mineiro, se vive no campo,
gosta de ouvir os sons da natureza:
do movimento da água nos rios, do ar nos ventos,
e sentir as mudanças do tempo,
observar as cores do firmamento
para saber se vai chover ou fazer frio.
Gosta também de ouvir o cantar dos pássaros,
o latido do seu cachorro amigo,
o mugido do gado leiteiro,
o relincho do forte e nobre cavalo ...
e, vez em quando, escutar as notícias da cidade.
Mineiro que vive na cidade,
não deixa de lado o seu jeito interior,
leva o valor do campo junto consigo;
se estiver em outro país,
entre as saudades maiores
estão as belas montanhas de Minas Gerais,
com que interage desde cedo.
Segundo os que não são de Minas,
o motivo por que o mineiro é desconfiado,
é que, crescendo entre montanhas,
anda atento pelos caminhos,
sem saber o que se esconde
atrás de cada uma delas,
já que cada qual tem seu mistério,
não há duas que se igualem.
Fato é que, ao sair de seus domínios,
torna-se difícil enganar o mineiro
que enxerga atrás das montanhas outras,
entrelinhas das palavras.

Ser Mineiro também é ser religioso.
Mineiro não se sente só aonde quer que vá,
pois sente que a mão de Deus o protege.
Ser mineiro é ser conservador
no que precisa ser conservado,
é ser inovador no que precisa ser inovado,
é gostar de saber para contar seus causos,
é admirar o belo, a arte, a vida,
é amar a liberdade de ir, de vir, de pensar, de ser,
é ser poeta e gostar de fazer política
para não perder o idealismo de mudar as coisas.

Ser mineiro é ser gente como a gente: eu e você,
que, entre trabalho e suor, com lágrimas e sorrisos,
construímos a história dessa nossa Minas Gerais,
as minas de ouro, diamante, pedras preciosas...
riquezas infinitas minerais e pessoais,
que podem ser encontradas nos subsolos
ou caminhando pelas ruas das nossas cidades.


(Ana da Cruz)


voltar última atualização: 14/11/2008
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