A Garganta da Serpente

Anderson Souza Oliveira

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Pós-deleite

Veja essas pessoas ao seu redor.
Será que sentem, o que você sente?!
Neste estreito deleite, até você se consola, até você se habita, até você se esquece.

Esqueço-me, das angustias, esqueço-me dos pesares, dos despeitos.
Mas só por um momento, somente por um momento, pois tudo novamente se torna recorrente, mais uma vez o espírito sibarita se esvai e, o ser pensante, realista, se conscientiza mais uma vez, de que isto é só momento, de que não pertence a esses nichos.

Só por um momento me entorpeço, só por um momento torno-me parte de algo que não sou, só por um momento, esqueço-me das indagações, das imensas oscilações.

Onde agora habita o negrume, que cingi o branco eremita, se habita mais profundo em seus devaneios, o claustro absorto, o claustro eremita, a claustra sanha, a claustra insurgência.

A tamanha consternação, o tamanho indagar, me estorva o próprio expressar,
em um solipsismo incomensurável, o próprio poetizar já está a ser atalhado.

Só me resta agora findar mais um desabafar, mais um ratificar,
mais uma indagação, mais uma absorção, findo-te, rasge mais uma vez, amarfanha meu peito mais uma vez, findo-te, resigno-me, desprezo-me, versejo-me, promulgo-te.

Só me resta, apenas... Apenas...
... Nada, deixa pra lá.


(Anderson Souza Oliveira)


voltar última atualização: 02/03/2010
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