XLVIII
O inferno
Ah, perecer!
Morte e gritos, pavor e pranto!Torturas e cruz, vermes e espanto!
Pixe e frio, carrasco e antro! Fartum e espírito, medo e desencanto!
Oh, fenecer!
Só mesmo gemer!
Mar e outeiros, montes e penhascos! Quem pode suportar tal pranto?
Sorvo abissal, ai que passamento! Nada de lamento, no entanto!
Quiçá só perder!
Espíritos medonhos do Inferno profundo, tormentais e padeceis
tormentos
Nunca poderá o fogo da eternidade imortal expiar vossos maus intentos?
Ó que desgraça brutal! Morrer continuamente sem morrer.
É esta a chama da vingança feroz que a ira acesa espevitou:
A medição da pena e vigília sem fim o romper encontrou!
Por isso, homens, morram para não terem de por aqui apodrecer.
(tradução: Antônio Jackson de Souza Brandão )
(Andreas Gryphius)
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