POESIA EM CARNE VIVA
A poesia é como um rio...
leito de verbos e vinhos,
onde uma alma se banha
na palavra que empenha,
soberana,... arte rainha,
devota paixão tamanha,
é a esperança que se cunha
capaz de mover montanhas.
A poesia é largo esteio...
que mantém firmes os punhos
do homem simples que apanha,
sob o peso da desdenha,
e frente ao terror medonho
dos que estão quase sozinhos,
mas se unem, em rebanhos,
sem renderem-se às barganhas.
A poesia é eterno cio...
em que se fecundam sonhos,
superando,... na artimanha
a maldade que avizinha
os corações feitos de estanho,
cruzando novos caminhos,
desvendando tantas senhas,
por seus férteis testemunhos.
A poesia, então, é isso...
algum gesto de carinho
ofertado a um estranho,
- português, pária ou portenho -,
sem remorso e sem vergonha,
não tendo intenção de ganho,
mas de ser dócil resenha
das nossas dores e sonhos.
E sendo poesia, é infinda,
sendo bela, é ingênua,
sendo força, é bem-vinda,
e por ser amor,... é carne viva.
(04.10.06 - Guarapari/ES)
(André L. Soares)
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