ALICE
Alice, embebida de pureza
Há poucas horas, chegara ao planeta
Ainda estava imune à maldade
Quando as notícias velozes
Rasgaram-lhe as têmporas.
Lágrimas verdes vertendo das retinas
Pontas de dor aguda a lhe fisgar o peito
Grito de clave de sol, preso à garganta
Ela então, vê a santa desnuda
Sob a luz fria do cotidiano...
Momento em que o belo pintou-se de breu...
(sabor amargo de inocência trincada).
Cansada, recolhe-se ao quarto
A proteger-se dos cristais e plasmas.
Após sangrar lembranças, cerra as pálpebras
Chora e soluça outra vez, sozinha...
Por fim, Alice adormeceu!...
Em seus sonhos ainda existem flores
A água e a verdade parecem cristalinas
E até o coração do homem é bom...
Acanhado, procurei algo
Que a fizesse sentir-se melhor
Quando acordasse...
Tentei criar um 'origami', mas já era tarde...
...e eu só tinha em mãos, a realidade.
(02.08.06 - V. Velha/ES)
(André L. Soares)
|