ao Capivari
Inunda-me com tuas impurezas,Rio Profano!
Vejo-te morrer delirante
pelas ações parasitas
desta, tão insana,
espécie
Devastas teu redor
e odoriza o dia com
a podridão humana
Finge-te de morto
enquanto a natureza
vampiriza este sangue lodacento
tentado a vida
Óh, águas do Capivari:
Declino-me sobre ti como que em prece
E em teu reflexo, quase negro,
Enxergo apenas, meu tormento.
Não faço nada por ti,
testemunha de minha história.
Não choro por ti e sequer
sinto misericórdia
pela morte de tua glória.
E, enquanto eu não lamento
ouço os gemidos sedentos
de um futuro
não tão distante...
(Maria Angela Piai)
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