O tigre e a rosa
Atentai para o barulho
dos tigres na alma da rosa
Silencie para ouvir o ronronar felino
nos olhos decadentes de flor
Toque com dedos trêmulos
o perfume da fera enjaulada
mesclado ao odor da rosa apodrecida
Inale o medo
Apalpe a dor
E beba num cálice
a amargura de se estar enjaulado
num peito rasgado
por garras inconsistentes e
inconscientes da própria realidade
O que sobrevive?
Tenho seis pares de garras
arranhando a garganta
Sofregamente balbucio:
salvem os tigres da rosa.
(Maria Angela Piai)
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