A Garganta da Serpente

Antonio Canuto

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poética

quem trás a faca entre os dentes
e sangra a primavera nos pulsos
quem tem sangue nos olhos
e guarda o espírito de um caçador ancestral
com sua lança absoluta apontada para o futuro
quem é nômade do infinito
e caminha por horizontes cingidos e destinos perdidos
e repisa o lodo do caos a cada minuto
atravessando descalço cenários sem deuses

quem multiplica os peixes
e com frutos proibidos sacia os famintos
quem chega sem que ninguém espere
com uma bagagem que ficou para trás

quem sabe que para além de toda metafísica
não há sutilezas nem grandezas
e que não teme errar
em alcançar certas visões com as próprias mãos
sabe que a poesia nada cobra
e não deixa sombra de dúvidas


(Antonio Canuto)


voltar última atualização: 26/10/2010
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