Mobília Esquecida
Taças de cristais inúmeras
Silêncio múltiplo a sonhar
Cálices de vinhos sonoros
Lábios mudos a mastigar.
Mesa vazia de gente
Sorrisos falsos a rondar
Coração batendo contente
Num corpo sozinho a chorar.
Quadrilátero escurecido de sol
Ouvidos esquecidos de amor
Mãos escrevendo sozinhas
Poemas sem rimas nem cor.
Bares ocupados de vícios
Estantes vazias a respeitar
Sofre sozinho um cofre
Sua senha querendo lembrar.
Numa porta entreaberta da casa
Um vulto entra sem despistar
Toda a vida fica igualada
Num simples momento de amar.
Um olho exalando a lágrima
A boca engolindo-a com furor
A sede vai-se para dentro
Transforma-se em lindo pudor.
As roupas vestem-se de plumas
As mesmas vestem-se de quê?
Contornam-se meus dias
Sem em nada acreditar nem entender.
(Poesia ganhadora do XX Concurso Nacional de Poesias da Biblioteca João XXIII, na cidade de Mogi-Guaçu, em 2004. Classificada e convidada a participar da antologia da ASES, de Bragança Paulista, no VI Concurso Nacional de Poesia - Prêmio Frei Constâncio Nogara - Ofm, em 2005. A antologia conta com esta poesia)
(Ariana Segantin)
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