A Garganta da Serpente

Arlinda Lamêgo

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ESSE AMAR

Noite alta, sem visão,
Rotas de descaminhos
Fotografam o escuro,
Retratam névoa do tempo frio
E fumaça na clave de emoção.
O silêncio tem passo lento
E finge-se de morto.
No barulho do mar,
Ondas que vem e vão
Brincam de esconde-esconde.
Lascas de fogo ferem o corpo
Chamuscam meu peito
Como folhas secas da estação.
Meu vestido é o manto do céu
Minha coberta são as estrelas,
E tépido é o trem da minha vida
Plena incerteza de abrigo apostador
A lua cheia faz a praia prateada.
Já posso descansar a alma
Nas águas que remansam o largo
Das horas primeiras da manhã,
Meu mundo não é pequeno
Meu corpo não mais me cabe .
Estou tão fora de moda.
....e também não vou mudar;
A plenitude é tamanha
Que nada vai disfarçar
Essa brisa que vem do mar
Que aumenta o meu amar.
Ah, amor, onde estás?
Por que não sentes como eu,
O valor de se libertar?
A vida veio me abraçar,
O sono veio me beijar.
Tão forte como essa areia
Profundo como esse amar,
Tão grande como esse mar.


(Arlinda Lamêgo)


voltar última atualização: 01/05/2006
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