Em quatro
Inebria-me o aroma que exalas,
Quando te tomas de tal despudor,
Em quatro, a pedir que te possua
Da forma melhor que me ocorra.
Sei para o que te preparas ...
Sabes, o tanto, que me apraz ...
Mênade, a me implorar e explorar
Teus recônditos
Que só a ti te respeitam.
Felina, rainha, fêmea,
Transponhas-te para o
Além dos teus sentidos ...
Varias, gemes, suas,
E ordenas-me que te complete
Na medida perfeita
Do que te ofereces
Em delírio, minha guia ...
Encaminhas-me por entre tuas entranhas
Para que não haja mais o que encaminhar
E esteja pleno em ti.
Ah, Anjo, tuas pálpebras adormecem, sonhas ...
Fundes tuas costas no meu peito,
Meus braços-teias te enovelam,
Minhas mãos-conchas guardam,
Teus seios-pérolas que latejam ...
Soergas ao que puderes as ancas,
Ressaltes-te, contenhas-te ...
Peço, para que não te fuja ...
Chamas-me em chamas teu corpo,
Te chego e me queimo, te enlevo, me levas ...
Tenho sede, cedes-me teus olhos
E deixas-me libar tuas lágrimas ...
Mordas, cravas-me teus dentes,
Sugues minh'alma por teus lábios,
Costuras tua boca à minha boca
E vivamos o mais que pudermos
Esta eterna iminência fugaz
Não há porque contermo-nos,
Nossos corpos falam por si,
Fachos de luz a riscarem o éter,
Espíritos a fremir a eternidade ...
Apertas-me o mais que puderes
E deixas-me gritar para que o
Mundo ouça o tanto que te tenho!
Desfaço-me no mais intenso
Intento que me ocorre!
Ruges de prazer, insana,
Em tuas contrações
E uivos, o universo
Não te cabe!
Saio de ti aos teus últimos espasmos,
Exaurido e grato ...
Dormes meu anjo profano teus impuros sonhos,
Velarei teu corpo nu com meu melhor olhar ...
(Armindo Lima da Silva)
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