A Garganta da Serpente

Arnaldo Massari

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ETAPAS

Da primeira vez em que eu te vi,
Tinhas o gratuito da beleza em preito aos desejos.
Por mais que fossem os meus ensejos,
Permaneciam, apenas, no fortuito de um olhar aceito.

Eras jovem e esplendorosa, inocente e atraente.
Colidias com os limites da razão, bailavas nos desavisados da emoção.
Chamados e recados que a verdade assim não deu,
Numa felicidade em que o destino nunca quis.

Da segunda vez em que eu te vi,
Estavas sob muitas chaves e entraves, mas continuavas bela.
Era como se o tempo te houvesse esquecido em tela,
Apesar de a idade não fazer pela metade.

Frentes de vidas diferentes, caminhos que não celebraram.
Zelo, respeito e família, que são a vigília do bom proceder.
Sonhos que foram pedidos, sonhados e perdidos.
Presente que não mais permite olhar para trás.

Da terceira vez em que eu te vi,
Contudo do nítido de ti,
Teu olhar era um pouco triste e comedido,
Não havia o brilho daquele confiante vivido.

Mesmo assim, nesse ameno vestíbulo do fim,
Vendo os teus cabelos brancos e o teu sorriso agora pequeno,
Não me entristece tanto, tampouco aceno ao desencanto.
Solitário, sempre fiquei e, no solidário, sigo os teus passos também.


(Arnaldo Massari)


voltar última atualização: 27/07/2010
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