A Garganta da Serpente
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Um dia qualquer em nossas vidas

O metrô parou
A porta abriu
Uma multidão entrou e saiu

Todos numa mesma direção
A estação se esvazia
Num breve momento

Atrás de uma mulher
Vem um olhar
Depois surge uma canção

É assim
É assim
Que acontece a paixão

A memória acusa
Um segundo,um instante
Tiros de artilharia

Alguém corre,alguém passa
Camiseta de roqueiro
Calça rasgada

Pele tatuada
Cabelos pintados
Piercing no nariz

Na escada rolante
Tudo é lenda de amor
Na tarde de São Paulo

Fim de expediente
Escritórios do centro despejam
Saias e gravatas

Cartazes luminosos
Estudantes se misturam
Mochilas nas costas

Anéis na mão
Fones de ouvidos
Conversas em voz alta

Sentados nos bancos
Rostos escondidos
Notícias nos jornais

Na plataforma lotada
Casais de namorados
Razões e sentimentos

Vidas ao acaso
Encontro em tabuleiros
Peças de quebra-cabeças

Encaixes em conflito
Espremidos no corredor
Abraços de sombras

O metrô parou
A porta abriu
Uma multidão entrou e saiu

Tantas luzes
Páginas vazias
Horas fantasmas

O tempo é a vontade
Vontade de lembrar e esquecer
Vontade de viver

Céu escuro
Uma pomba voa
Operários descansam

Tanto passo perdido
Nas ruas da cidade
A chuva castiga

Os carros espirram
Poças de água
Nos pontos de ônibus

Atrás de uma mulher
Vem um olhar
Depois surge uma canção

É assim
É assim
Que acontece a paixão


(assis)


voltar última atualização: 23/02/2011
25146 visitas desde 01/07/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente