A Garganta da Serpente

Augusto dos Anjos

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos<
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NO CAMPO

Tarde. Um arroio canta pela umbrosa
Estrada; as águas límpidas alvejam
Como cristais. Aragem suspirosa
Agita os roseirais que ali vicejam.
No Alto, entretanto, os astros rumorejam
Um presságio de noite luminosa
E ei-la que assoma - a Louca Tenebrosa,
Branca, emergindo às trevas que a negrejam.
Chora a corrente múrmura, e, à dolente
Unção da noite, as flores também choram
Num chuveiro de pétalas, nitente,
Pendem e caem - os roseirais descoram
E elas bóiam no pranto da corrente
Que as rosas, ao luar, chorando enfloram.


(Augusto dos Anjos)


voltar última atualização: 13/08/2010
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