A Garganta da Serpente

Augusto dos Anjos

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos<
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NOTURNO

Chove. Lá fora os lampiões escuros
Semelham monjas a morrer... Os ventos,
Desencadeados, vão bater, violentos,
De encontro às torres e de encontro aos muros.

Saio de casa. Os passos mal seguros
Trêmulo movo, mas meus movimentos
Susto, diante do vulto dos conventos,
Negro, ameaçando os séculos futuros!

De São Francisco no plangente bronze
em badaladas compassadas onze
Horas soaram... Surgem agora a Lua.

E eu sonho erguer-me aos páramos etéreos
Enquanto a chuva cai nos cemitérios
E o vento apaga os lampiões da rua!


(Augusto dos Anjos)


voltar última atualização: 13/08/2010
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