A Garganta da Serpente
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Bal Vasconcellos

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Conquiste-me

Para me conquistar
É preciso exalar um cheiro
íntimo, conhecido, costumeiro
Desses que sinto e enfraqueço...
Que faz tremer a voz, as pernas
Desse que só de pensar me excito....

Tens idéia?
Perguntas-me: A que vens?
Venho com todas
as boas e más intenções
Tentações, recriações,
Bolinações...

O que eu faria?
Convidar te ia para ir ao cinema
Ver um filme interessante,
Instigante que acalma os nervos...

Sei que preferirias um jantar
A luz de velas, com preparo cuidadoso
Vinho tinto à temperatura exata
João Gilberto a cantar
Minha voz a sussurrar
Melindres, indecências
Em tua consciência...

Eu opto pelo devaneio de teus dias
Por tua agonia diária, insaciável
Buscando sinais de minha presença

Eu opto por te tirar da tua rotina,
Da disciplina cotidiana,
De tua razão insana...

Sou tua surpresa constante
Usando short e camiseta apertada
No corpo delgado que se alinha
Em meus músculos os quais te
enlouquecem....

Sei que gostas dos ruídos do quarto
Dos gemidos que escutas
Dos grunhidos que provocas
Sei que gostas de rolar teu corpo
Que recebe de bom grado
o meu sobre o seu,
que quando se tocam
trocam segredos de alcova...

Sei que guardas na memória
Toda minha textura
E vê candura, onde há só luxúria
de macho louco que a ti provoco
mal estar, gosto na boca...

E que a cada movimento
Um contentamento roubado
Tu me olhas calada,
Extasiada que estás com a exploração
Mão safada que te escapas
Que confusão!

Sei que preferirias roubar me todo
E não mais voltar, beijar-me a boca
e não mais calar todo o desejo retido,
todo o prazer contido em membro rijo
a explodir caudalosamente todo em você,
silenciosamente e incessantemente....
Mas hoje não! Hoje te rapto ao
cinema.
Numa seção plena de erotismo
Do armário sai lingerie branca
Com rendas que rendem cenas
De dentes, mãos, dedos, segredos...

Tu não te lembrarás de close algum,
Talvez sobre na memória alguma
melodia, da boa fotografia tu não terás
opinião, perderás a razão, a postura.
E não saberás nada sobre o roteiro,
Diretor, ator, clímax da ação...

Nada te restará para recordação
Por que reescrevi o script
Revolvi todas as formas de prazeres
Vou te fazer um streep
Para tu nunca mais esqueceres

(14/05/2004)


(Bal Vasconcellos)


voltar última atualização: 30/05/2004
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