A Garganta da Serpente

Beatriz Kappke

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O retorno à vida

Minha mente parece que vazia ficou ...
Como uma grande sala sem móveis
Fatigado meu corpo quedou...
Na face, os olhos imóveis.
Completamente entorpecida eu me sentia
Desinteressada de tudo me tornei
A beleza do dia-a-dia
Eu já não mais apreciava...
Meu ser completamente estacionara...
Para as tarefas rotineiras
Com dificuldades eu me arrastava
Minha vida, num pandemônio se transformara.
E ao fundo do poço eu chegara...
Sim...A impressão era a de uma viagem
Que ao inferno eu empreendera
A sensação de morte meu espírito rondava
E o meu norte eu perdera...
Da vida pouco a pouco eu me desconectava
Num sofrimento que é inimaginável...
Insignificante demais eu me julgava
Para merecer qualquer atenção especial.
Senti enfim, as verdadeiras limitações,
Da minha condição humana...
E, se não tivesse valiosas relações,
Amizades de cujo poder emanam
Compreensão, apoio, bondade, afeição...
Talvez à caminhada não haveria retornado.
Retorno que é difícil, gradativo e lento...
É um torpor que parece nunca acabar
Mas não adianta o isolamento
A coragem pela vida é preciso outra vez despertar
Trazer de volta os sonhos...o EU ETERNO recuperar...
Para a alegria novamente espaço abrir...
Não querer já partir...
A FAGULHA SUPREMA encontrar...
Para isso... é mister a janela abrir
Para o ar puro poder entrar
Do espaço mental é preciso retirar
Os velhos armários com lembranças inúteis
E as emoções inferiores e fúteis.
Porém... mui funesta é a ilusão
De que como num passe de mágica
É possível livrar-se desse turbilhão
Que arrasta e se alastra de forma trágica!
Com esta estranha sensação,
A convivência é diuturna...
É assim o mal da DEPRESSÃO...
Que nem sempre é provocada por infortúnios
Ou decorrente de forte emoção...
Tampouco pode ser curada
Só com situações positivas e prazerosas
Mas pode sim, ser aproveitada
Como uma oportunidade valiosa
Para o exercício da paciência,
Da tolerância e do perdão
É preciso também ter ciência
De que para "O RETORNO À VIDA",
Cada dia é uma maravilhosa dádiva.
Cada pequena conquista é um presente glorioso
É como um troféu precioso
Que traz alegria ao coração!

(04/03/03)


(Beatriz Kappke)


voltar última atualização: 13/03/2007
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