A Garganta da Serpente

Bernardo Almeida

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Castelo abandonado

As visitas que fazes a este coração
São como elixires poderosos
Que acalmam e equilibram este peito sempre faminto
Desejoso, inquieto, incansável e insaciável

E nem por isso precisas despir-te diante de mim
Criando e mantendo uma das faces que mais adoro e venero
Independente dos mistérios que ainda calam na minha presença
E fazem desfalecer esperanças tardias, impossíveis...

Mas o que digo diante de ti demarca territórios
Os quais jamais ousaria invadir ou depredar
Inconsolado, carregado e desesperado
Implorando por mais uma aparição sua

Convença-me de que a sua decisão representa o melhor
Embora não queira acreditar nem aceitar
Faça-me deitar tranqüilo outra vez para entender a vida
Como uma fonte inesgotável de novas possibilidades

E já não acredito que haja salvação para as afeições
Cultivadas na sua ausência tão inesperada
Representada por um sorriso em degelo, em recuperação
Verdadeiramente feliz, porém, afastado de mim
E bateu e perfurou e doeu. Mas sarou!

Contenções? Apenas entenda este convite
Como uma derradeira expressão da parte mais exaltada do meu ser
E não faça do prazer uma manivela confusa e desamparada
Cheirando a uma saudade mofada e bolorenta


(Bernardo Almeida)


voltar última atualização: 11/12/2007
13600 visitas desde 07/09/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente