A Garganta da Serpente

Chaim Nachman Bialik

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Na Matança

Céus! Pedi clemência para mim!
Se há um Deus em vós,
e um caminho que a Ele conduza
eu não pude achar a senda.
Rogai, rogai por mim!
Em meus lábios não há súplica, nem desejo, nem mando;
frouxa pende minha mão, hirto está o coração ...
Até quando? Até quando? Ai! Até quando!
Verdugo! Cá está o pescoço! Toma! Corta!
Mata-me como a um cão, com a acha que tua mão agarra,
que um patíbulo é para mim a terra.
Corta!, que nosso sangue pouco importa.
Nosso número é pouco, e o sangue vertido
do lactente e do velho te salpique a blusa,
e a mancha de sangue não se apague na vida.
Se existe Justiça, que surja logo um sinal.
Mas se quando não possa olhar a luz do dia,
quando morra, Justiça brilharia,
eu digo: "Para sempre se afunde seu setial,
e a maldade do mundo consuma o céu e comova,
e tu, tu, o assassino, em teus sombrios crimes
farta-te no sangue, sacia a sede: Embebe!
E quem grite: Vingança!, seja maldito,
que vingança do sangue do menino pequeno
não a pôde inventar nem Satã, por mais empenho,
E assim sulcará o sangue o abismo infinito,
assim sulcará o abismo que negruras encerra,
e comerá as sombras, e roerá,
os alicerces podres da terra."


(Chaim Nachman Bialik)


voltar última atualização: 08/07/2005
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