No Cemitério
Silentes curvavam-se os terebintos, silentes diziam-me assim:
À nossa sombra te acolhe, homem, e aqui decompõe-te por fim
Este monte de terra e esta lápide fria
E de pronto todo o teu penar cessaria
De que te valem mil mortes por dia?
Morre de vez, em paz encerra a tua agonia
Silentes, dividiremos a seiva de teu corpo inerme,
Metade para nós, metade para o verme
Pois o fluxo da vida jamais se aquebranta,
Podes florir com a flor, medrar com a planta
Quando estiveres conosco, hás de ser,
Ó humana criatura, por que então se deter?
Diziam-me os terebintos esta silente sugestão
Mas as lápides mudas mostravam-me compaixão
(Chaim Nachman Bialik)
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