Testamento
Deixo tudo à primeira aranha
Que rondar a solidão
De meu cadáver
Deixo tudo ao primeiro verme
Que perfurar a indecência
De meu corpo
Deixo tudo à primeira mosca
Que se perder no escuro
De meus olhos
Deixo tudo ao primeiro chacal
Que devorar a maldade
De meu coração
Deixo tudo à primeira serpente
Que sugar o veneno
De minha boca
Deixo tudo ao primeiro abutre
Que pisar nos segredos
De meu cérebro
Deixo tudo à primeira brisa
Que soprar minha alma
Volátil...
Nos confins do tempo
(Boca Amarga)
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