Boca Amarga
Não sou filho
De Zeus
Nem do carbono
Sou geração espontânea
Não sou filho
Dos homens
Sou fruto apodrecido
De alguma imaginação
Sou de eras remotas
Eras já mortas
Eras que já eram
Ou que nunca serão
Sou corpo sem vida
Sombra sem luz
Luz que assombra
Luz que é sombra
Minha voz é silêncio
Em meio ao barulho
Entulho contido
Numa alma de gelo
Meu tesouro não é ouro
Que cabe no bolso
Prezo por outro
Que poucos entendem
Minha boca é amarga
Sou de eras remotas
Minha boca é amarga
Sou de eras já mortas.
(Boca Amarga)
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