A Garganta da Serpente

Campos Arantes

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O morrer é pouco...

Se eu morresse amanhã,
Que males haveriam ?
O céu envolto em cinzas,
O vento, o relâmpago, o trovão,
Em alternâncias,
O evento sentiriam?

O fenômeno da evaporização,
De motins, desfigurar-se-ia?
E a chuva de seu ciclo sazão,
A orbe, por um momento, privaria?

Não! O morrer é pouco.
A sucessão é um ato contínuo;
A centelha ao se apagar
Não desvanece o fogo.

Uma planta ao se anemizar
Não assola a seara,
E o viço das demais procede,
O determinismo a ensilar.

Se amanhã o meu ciclo se interromper,
Os males e as dores incontidas,
Hão de jazer sobre a relva
Se não os molestar, os odores.

Sentirão
os mais próximos meus,
Se de pesares, libertar-se não puderem.
O continuar sobre esta "ganga impura"
Significa afiar as arestas peçonhentas,
A farpear tudo que restar de Eros.


(Campos Arantes)


voltar última atualização: 07/04/2005
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