A Garganta da Serpente

Carlos Rodolfo Stopa

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À Mesa do Bar: Saindo da Arena
[Resposta poética à dor]

Vou andando pelas ruas
Com meu escudo quebrado
Pernas feridas, nariz machucado
Vergões latejando nas costas nuas.

Perdido, sem rumo, saio da refrega
Com a minha alma despedaçada,
A face toda ensangüentada;
Queriam mais que a entrega -

Queriam a minha auto-imolação,
Que eu bebesse meu sangue,
E só quando eu tombasse exangue,
Só assim aceitariam minha rendição!

Ao bando de feras esfaimadas
Nem o meu pálido silêncio bastou,
Nem o meu débil protesto as calou:
Tinham fome de carnes dilaceradas!

Agora sim, o que restou de mim
Busca nas ruas a paz fria das estrelas;
As feras - eu não pude contê-las,
Restou-me a solidão da noite sem fim!


(Carlos Rodolfo Stopa)


voltar última atualização: 24/03/2006
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